Agência France-Presse
postado em 31/07/2017 14:47
Caracas, Venezuela - Estados Unidos, Espanha e sete países da América Latina anunciaram que não vão reconhecer a legitimidade dos resultados da votação da Assembleia Constituinte promovida pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
"A eleição fraudulenta de Maduro é outro passo para a ditadura. Não aceitaremos um governo ilegítimo. O povo venezuelano e a democracia vão prevalecer", tuitou a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley.
Em nota divulgada mais tarde, a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, declarou que o governo americano condenou a eleição "imposta" na Venezuela, reiterando a ameaça de aplicar sanções a todos os "artífices do autoritarismo".
"Continuaremos adotando medidas enérgicas e rápidas contra os artífices do autoritarismo na Venezuela, incluindo aqueles que participarem da Assembleia Nacional Constituinte como resultado da eleição viciada do dia de hoje", acrescentou a nota.
Já a União Europeia expressou nesta segunda-feira sua "preocupação com o destino da democracia na Venezuela".
"A Comissão tem sérias dúvidas sobre se o resultado da eleição pode ser reconhecido", declarou a porta-voz do executivo da UE, Mina Andreeva.
Na mesma linha, o México afirmou que "não reconhece os resultados da eleição dos integrantes da Assembleia Nacional Constituinte".
Também lamentou que o governo da Venezuela "tenha decidido realizar eleições contrárias aos princípios democráticos reconhecidos universalmente, que não aderem à Constituição da República e que aprofundam a crise", disse a Chancelaria em um comunicado.
Em nota divulgada na conta do Ministério das Relações Exteriores no Twitter, a Argentina declarou que "não reconhecerá os resultados dessa eleição ilegal".
O Peru também manifestou que "não reconhece os resultados da ilegítima eleição realizada hoje (domingo) para compor uma Assembleia Nacional Constituinte na Venezuela".
A Costa Rica convocou, por sua vez, todos os Estados e organismos internacionais a não reconhecer essa consulta como legítima.
A Espanha divulgou um documento, garantindo que "não reconhecerá uma Assembleia Constituinte que não seja resultado de um amplo consenso nacional, eleita conforme as regras democráticas de sufrágio universal livre, igual, direto e secreto".
O governo paraguaio reafirmou "sua posição de desconhecer a ilegal convocação" e disse que tampouco reconhece "os resultados do ilegítimo processo para integrar uma Assembleia Constituinte".
Durante a semana, Colômbia e Panamá já haviam anunciado que não reconheceriam os resultados das urnas. E, hoje, Bogotá condenou "a repressão e a violência" por parte das forças da ordem.
Outros países também expressaram objeções à eleição da Constituinte na Venezuela.
O Brasil pediu às autoridades venezuelanas a "suspenderem a instalação da Assembleia Constituinte".
"Diante da gravidade do momento histórico por que passa a Venezuela", o Ministério das Relações Exteriores considerou, em uma nota, que a iniciativa de Maduro "viola o direito ao sufrágio universal, desrespeita o princípio da soberania popular e confirma a ruptura da ordem constitucional na Venezuela".
Apesar de reiterar sua "grave preocupação" com a escalada de violência na Venezuela, o comunicado do Itamaraty não especifica se o governo reconhecerá, ou não, a Constituinte.
A Guatemala rejeitou a eleição e pediu que o país busque uma saída pacífica para a crise.
O Chile manifestou, por sua vez, "sua profunda decepção com a decisão do governo venezuelano de ter materializado" a eleição da Constituinte e considerou que essa "decisão ilegítima aprofundou ainda mais a divisão na sociedade venezuelana".
As eleições foram realizadas "sem as mínimas garantias para uma votação universal e democrática", nem cumpriram os requisitos estabelecidos na Constituição venezuelana, ressaltou o governo chileno.
No Twitter, o ministro britânico das Relações Exteriores, Alan Duncan, disse estar "em choque" com a "fraudulenta" Assembleia Constituinte e com as trágicas mortes ocorridas hoje. Foram pelo menos dez.
Mas governos aliados da Venezuela deram seu aval.
Neste sentido, a Bolívia instou a "comunidade internacional a respeitar o processo democrático" da Venezuela, em que "apenas os cidadãos e as cidadãs desse país podem definir o futuro na Assembleia Contituinte", de acordo com a chancelaria.