Mundo

Milhares de afegãos xiitas protestam contra Estado Islâmico

Em nota, o governo afegão condenou o atentado de Herat e chamou "os afegãos e os responsáveis religiosos a se rebelarem, unidos, contra a barbárie dos terroristas"

Agência France-Presse
postado em 02/08/2017 16:21
Milhares de xiitas se manifestaram nesta quarta-feira (2/8) contra o grupo Estado Islâmico (EI) em Herat, no oeste do Afeganistão, depois que a organização extremista reivindicou o atentado da véspera.
O ataque de ontem deixou 33 mortos em uma mesquita da localidade.

"Um ataque dos combatentes do EI em uma mesquita de Herat deixou cerca de 50 mortos e 80 feridos xiitas", afirmou o Amaq, órgão de propaganda do grupo extremista sunita, inflando o balanço de vítimas divulgado pelas autoridades (33 mortos e 66 feridos).

Cerca de 5.000 pessoas gritaram palavras de ordem contra o EI em Herat, como "Exigimos justiça", "Morte ao Daesh (acrônimo do EI em árabe)" e "Basta de fundamentalistas".

A manifestação foi realizada perto da mesquita, cenário do ataque. Depois, a multidão seguiu para o cemitério local, levando os caixões das vítimas.

"Se o Governo não faz nada, vamos nos vingar por conta própria", declarou um dos presentes, fazendo uma ameaça que se repetia na multidão.

Por de medo de um novo ataque, os habitantes optaram por fazer seus próprios controles e revistas.

As 33 pessoas morreram na terça-feira (1/8), no atentado suicida dentro da mesquita xiita de Herat, um dia após um ataque contra a embaixada do Iraque em Cabul.

[SAIBAMAIS]A ação foi reivindicada pelo EI apenas nesta quarta-feira (2/8). Há um ano, o grupo atacou em várias ocasiões grupos e mesquitas xiitas, minoria no Afeganistão.

Inicialmente considerados os principais suspeitos, os talibãs negaram, em sua conta no Twitter e em uma mensagem de WhatsApp enviada à AFP, qualquer responsabilidade no ato.

De acordo com a Polícia, dois terroristas foram os autores do ataque - um deles com um colete explosivo, que o detonou, enquanto o outro estava armado.

Os dois morreram na ação.

Em nota, o governo afegão condenou o atentado de Herat e chamou "os afegãos e os responsáveis religiosos a se rebelarem, unidos, contra a barbárie dos terroristas".

Segundo um analista afegão com base em Cabul, "este ataque demonstrou que o EI é uma verdadeira ameaça no Afeganistão".

Essas ofensivas também ocorrem em um momento em que o EI retrocede no Iraque e na Síria.

O grupo sunita apareceu no leste do Afeganistão com o objetivo de fundar o "emirado de Khorasan", antigo nome da região, no início de 2015. Agora, avança para o norte do país, apesar dos ataques aéreos americanos contra suas posições.

A comunidade xiita tem sido alvo de inúmeros ataques no último ano tanto por parte do EI, quanto dos talibãs. Na semana passada, um homem-bomba matou 26 pessoas e feriu 40 em Cabul, em um atentado reivindicado pelos talibãs.

Esse grupo reivindicou violentos atentados no coração de Cabul no último ano. O primeiro deles, em 23 de julho de 2016, deixou 84 mortos e 300 feridos entre a minoria xiita afegã.

Os talibãs assumiram nesta quarta-feira a autoria de um atentado com carro-bomba contra um comboio da Otan perto de Kandahar, no sul do Afeganistão, que matou ao menos dois soldados americanos, segundo o Pentágono.

Já o EI reivindicou a maioria dos atentados contra os xiitas no Afeganistão, incluindo o ataque de segunda contra a embaixada do Iraque em Cabul, no qual morreram duas pessoas.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação