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Trump assina lei que impõe sanções contra a Rússia

As sanções, que atingem sobretudo o setor energético russo, foram denunciadas por Moscou, mas também criticadas pela União Europeia, que teme que sejam uma ameaça para seu abastecimento de energia

Agência France-Presse
postado em 02/08/2017 18:28
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, promulgou nesta quarta-feira (2/7) a lei aprovada no Congresso que impõe novas sanções econômicas contra a Rússia por sua suposta interferência nas eleições americanas de 2016, informou a Casa Branca.
A lei promulgada pelo presidente americano também sanciona o Irã e a Coreia do Norte.

Trump considerou o texto "gravemente imperfeito", por considerar que impede uma aproximação destes países.

"A lei continua gravemente imperfeita, sobretudo porque limita a capacidade do poder Executivo para negociar", afirmou o presidente em uma nota divulgada pela Casa Branca.

"Portanto, apesar dos problemas, eu promulgo esta lei em nome da unidade nacional. Ela representa a vontade do povo americano de ver a Rússia adotar medidas para melhorar as relações com os Estados Unidos", acrescentou.

Segundo Trump, a lei não só restringe a flexibilidade do Executivo para fazer "bons negócios para o povo americano", como também propicia uma maior aproximação entre China, Rússia e Coreia do Norte, prejudicando os interesses de Ocidente.

[SAIBAMAIS]O texto também prevê um mecanismo sem precedentes que desagrada a Casa Branca: os legisladores podem intervir se em algum momento Trump decidir suspender as sanções existentes contra a Rússia.

Trump disse que assinava a lei "apesar de seus problemas" e "para o bem da unidade nacional", confiando que haverá "cooperação" entre ambos os países "nos principais assuntos mundiais para que essas sanções já não sejam necessárias".

As sanções, que atingem sobretudo o setor energético russo, foram denunciadas por Moscou, mas também criticadas pela União Europeia, que teme que sejam uma ameaça para seu abastecimento de energia.

Perguntada sobre se o presidente americano falou com seu homólogo russo, Vladimir Putin, antes de assinar a lei, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, se limitou a responder "não", e ressaltou que, ao assinar a lei, Trump deu "um sinal claro" de que os Estados Unidos não permitirão que a Rússia interfira em seus processos democráticos.

"Não muda nada"

O Kremlin anunciou nesta quarta-feira que a assinatura de Trump ao novo pacote de sanções contra a Rússia "não muda nada" em relação às represálias tomadas por Moscou, que já aplicou uma drástica redução de funcionários nas missões diplomáticas americanas em território russo.

"De fato, isso não muda nada", declarou em Moscou o porta-voz oficial, Dmitri Peskov.

No domingo, o presidente Vladimir Putin anunciou que 755 diplomatas americanos deveriam deixar o território russo antes de 1; de setembro. Com essa medida, os dois países terão o mesmo número de diplomatas em suas respectivas missões, 455 pessoas.

As relações entre os dois países, já tensionadas pelos conflitos no leste da Ucrânia e na Síria, estão viciadas há meses pelas acusações de ingerência russa durante as últimas eleições nos Estados Unidos, que um procurador especial americano está investigando.

Desde que assumiu em janeiro, o governo de Trump sofre denúncias de conluio de seu comitê de campanha com a Rússia na corrida presidencial do ano passado para derrotar a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton. Trump negou enfaticamente essas afirmações.

O chefe da diplomacia americana, Rex Tillerson, advertiu na terça-feira que as relações entre os dois países podem piorar.

A lei promulgada por Trump foi votada na semana passada pelo Congresso americano, onde muitos legisladores veem em Moscou mais um adversário do que um parceiro.

Trump, que desde sua eleição tenta melhorar as relações com a Rússia, tinha que decidir se apoiava as sanções ou se as vetava com um alto custo político.

O presidente recebeu o texto na sexta-feira, mas só o assinou nesta quarta, gerando especulações de um possível veto, que não foi aplicado para evitar a humilhação de que o Congresso o derrubasse.

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