Agência France-Presse
postado em 03/08/2017 14:31
O presidente americano, Donald Trump, advertiu nesta quinta-feira (3/8) que as relações entre Washington e Moscou estão em um nível perigosamente baixo, um dia depois de sancionar um novo pacote de sanções chamado de "guerra econômica" pelo governo russo."Nossa relação com a Rússia está em um piso histórico muito perigoso", tuitou o presidente. O pacote sancionado por Trump foi aprovado pelo Congresso na semana passada.
"Você pode agradecer ao Congresso, o mesmo pessoal que não consegue nem nos dar a reforma de saúde", acrescentou, referindo-se à recente derrota no Senado em sua tentativa de revogar e substituir o chamado Obamacare.
Logo depois de sancionar a lei, Trump divulgou uma nota oficial, considerando a iniciativa "seriamente defeituosa" por incluir restrições à capacidade do Poder Executivo de negociar com outros países.
A nova lei - que também inclui medidas contra Coreia do Norte e Irã - afeta, sobretudo, o setor energético da Rússia, dando a Washington a possibilidade de sancionar empresas envolvidas no desenvolvimento de oleodutos nesse país.
Guerra econômica
Moscou reagiu com irritação às sanções, considerando que é uma lei "perigosa que pode minar a estabilidade" no mundo, e não descartou "outras medidas de retaliação".
No fim de semana, o governo russo já havia determinado uma redução do corpo diplomático dos Estados Unidos em 755 funcionários.
Em um "post" publicado no Facebook na quarta-feira à noite, o primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, afirmou que as medidas americanas equivalem a "uma guerra econômica aberta" e que o presidente Trump demonstrou "uma fraqueza total".
Para Medvedev, o Congresso submeteu Trump a uma situação "humilhante", ao deixar a Casa Branca com uma limitada margem de manobra nesse tema.
Desde seu início, em janeiro deste ano, a gestão do magnata republicano tem sido assombrada por denúncias de que sua equipe de campanha agiu em conluio com a Rússia na disputa eleitoral de 2016.
A escalada de sanções à Rússia começou com o antecessor de Trump. Em dezembro de 2015, o então presidente Barack Obama ordenou o fechamento de dois complexos de férias do pessoal diplomático russo em território americano. Também determinou que vários funcionários deixassem o país.
Na época, as sanções impostas por Obama foram uma resposta às denúncias formuladas por órgãos da Inteligência americana sobre a participação russa na invasão aos e-mails do Partido Democrata durante a corrida pela Casa Branca. Em 2014, o governo Obama já havia aplicado sanções por conta da intervenção russa na Ucrânia.
Empenho para melhorar diálogo
Desde sua chegada à Casa Branca, Trump tenta melhorar as relações com a Rússia, e os dois países têm-se empenhado em manter um canal concentrado nas ações militares na Síria para evitar confrontos diretos.
Trump teve dois encontros com seu colega Vladimir Putin em paralelo à cúpula do G20 na Alemanha, no início de julho. Na ocasião, ambos buscaram dissipar tensões e melhorar o diálogo bilateral. O esforço parece ter ido por água abaixo com o mais recente pacote de sanções.
Na terça-feira (1/8), o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, advertiu que as relações entre os dois países podem piorar. Até a União Europeia manifestou sua preocupação com os efeitos do pacote de sanções contra a Rússia.