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ONU acusa Venezuela de tortura e maus-tratos a manifestantes e detidos

O documento cita a Guarda Nacional Bolivariana, a Polícia Nacional e as polícias locais


"Segundo a análise da equipe de investigadores, as forças de segurança são responsáveis por pelo menos 46 dessas mortes, enquanto os grupos armados pró-governamentais, denominados ;coletivos;, seriam responsáveis por outras 27 mortes", especificou a porta-voz do Escritório do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani, ao apresentar o relatório em uma coletiva de imprensa.

Consultada sobre as demais mortes, ela respondeu que "ainda não está claro" o que houve. Shamdasani admitiu que alguns manifestantes também atuaram de forma violenta, "mas isto não justifica de forma alguma a repressão generalizada e sistemática feita pelas forças de segurança". Além dos mortos, foram contabilizados 2 mil feridos.

"A informação compilada pela equipe indica que os ;coletivos; armados, montados em motocicletas, costumam atacar os manifestantes. Em determinados casos também disparam com armas de fogo", denuncia o relatório. A repressão também resultou em pelo menos 5 mil detenções arbitrárias. "Em vários casos investigados há indícios verossímeis de que as forças de segurança realizaram tratos cruéis e que, em algumas ocasiões, recorreram à tortura", especifica o texto.

Procuradora
Esses abusos ocorrem "em plena ruptura do Estado de Direito na Venezuela, com ataques constantes do Governo à Assembleia Nacional e ao Escritório da Procuradoria-Geral", disse Zeid, que denunciou a destituição de Luisa Ortega e pediu medidas de proteção para a ex-procuradora.

O comissariado pediu às autoridades venezuelanas que ponham fim, imediatamente, ao uso excessiva da força contra os manifestantes, que parem com as detenções arbitrárias e que libertem todas as pessoas detidas ilegalmente. Além disso, pediu que seja suspenso o uso de tribunais militares para julgar os civis.