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Coreia do Norte confirma plano para atacar base americana com mísseis

A ameaça ocorre após os Estados Unidos advertirem os norte-coreanos, na quarta-feira, de que o país está arriscando a sua "destruição" se continuar com o programa armamentista.


Na véspera, a China exortou que se evitem "as palavras e os atos suscetíveis" de agravar a situação, enquanto Berlim pediu "moderação" às partes. A França, no entanto, elogiou a "determinação" de Trump ante Pyongyang.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se mostrou "preocupado", e pediu por meio de seu porta-voz que reduzam as tensões e apelem para a diplomacia. A pedido de Washington, a Organização das Nações Unidas endureceu há alguns dias as sanções contra Pyongyang por seu programa nuclear, que poderia custar ao governo norte-coreano um bilhão de dólares anuais.

"Não há para onde correr"
Os Estados Unidos descartam uma "ameaça iminente" para Guam, um estratégico enclave militar, onde conta com 6 mil soldados, e outros objetivos, confiando que a pressão diplomática irá prevalecer. "Acho que os americanos devem dormir bem, sem nenhuma preocupação sobre esta particular retórica dos últimos dias", disse o chefe da Diplomacia americana, Rex Tillerson, após justificar a "mensagem forte" do presidente Trump "em uma linguagem que Kim Jong-Un pode compreender".

Sobre o fato de os comentário de Trump surpreenderem o seu círculo mais próximo, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse que o Conselho de Segurança Nacional e outros funcionários sabiam que "o presidente iria responder [...] com uma mensagem forte em termos inequívocos".

A remota e paradisíaca ilha de Guam, de apenas 550 km2 e onde vivem 162.000 pessoas, em sua maioria dedicados ao turismo, permanecia calma nesta quarta-feira diante da ameaça norte-coreana. O governador, Eddie Calvo, minimizou os atos de Pyongyang, mas assinalou que o território está "preparado para qualquer eventualidade". "Não é que haja algo que possamos fazer realmente, esta é uma ilha pequena, não há para onde correr", disse o morador James Cruz à AFP, da capital Hag;tña.

Rápido avanço
A retórica de Trump tem apresentado uma escalada em relação a Pyongyang, após dois testes bem-sucedidos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) por parte do governo de Kim Jong-Un. O primeiro teste, descrito pelo líder norte-coreano como um presente aos "bastardos americanos", mostrou que o dispositivo poderia alcançar o Alasca. O segundo sugeriu que poderia chegar até Nova York.

Na terça-feira, o jornal The Washington Post relatou que a Coreia do Norte teria a capacidade de colocar pequenas ogivas nucleares nestes mísseis, segundo um relatório da Agência de Inteligência de Defesa (DIA, em inglês). O Post também assinalou que outra avaliação da Inteligência considerou que a Coreia do Norte tem agora até 60 armas nucleares, mais do que se pensava.

Alguns especialistas asseguram que Pyongyang ainda deve superar obstáculos técnicos, em especial para conseguir fazer uma miniatura de uma ogiva nuclear para introduzi-la com sucesso em um míssil. Mas apesar das discrepâncias, todas estão de acordo que a Coreia do Norte avança rapidamente em sua corrida de armas nucleares desde a chegada de Kim Jong-Un ao poder, em dezembro de 2011.