Agência France-Presse
postado em 12/08/2017 15:08
O presidente chinês, Xi Jinping, pediu neste sábado (12/8) a seu homólogo americano, Donald Trump, que evite "palavras e atos" capazes de "exacerbar" a tensão na península coreana - informou a TV estatal chinesa.
Em conversa por telefone com o presidente americano, Xi também exortou todas as partes a "dar provas de moderação" e a "manter um rumo geral de diálogo, negociações e acordo político", destacou a CCTV.
O líder chinês assinalou que "China e Estados Unidos compartilham o interesse comum de livrar a península coreana das armas nucleares e de manter a paz e a estabilidade" na região.
Segundo a CCTV, Trump respondeu que "as relações entre China e Estados Unidos se encontram em um estado de bom desenvolvimento, e ainda podem melhorar".
A Casa Branca confirmou que, durante a conversa, os dois presidentes "reafirmaram seu compromisso mútuo com uma península coreana livre de armas nucleares".
No mesmo comunicado, a presidência americana destacou que, em um telefonema ao governador da ilha, Eddie Calvo, o presidente Trump "reafirmou" que as "forças dos Estados Unidos estão preparadas para garantir a segurança da população de Guam e dos Estados Unidos".
Na sexta-feira, Trump advertiu que, se a Coreia do Norte "fizer algo com relação a (ilha de) Guam ou a qualquer outro lugar que seja um território americano, ou um aliado americano, vai se arrepender de verdade, e vai se arrepender rápido".
No Twitter, o presidente revelou que "as soluções militares estão prontas para serem usadas, caso a Coreia do Norte atue de forma imprudente".
Pyongyang, que em julho realizou com sucesso dois testes de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) capazes de atingir o território americano, ameaçou esta semana atacar Guam, uma remota ilha no Pacífico onde os Estados Unidos têm bases militares estratégicas.
Reações
A Presidência sul-coreana expressou sua esperança de que o telefonema entre Trump e Jinping permita "reduzir as tensões, que nunca foram tão fortes, e passar para uma nova fase para resolver o problema".
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, fez um apelo à "responsabilidade", em nota divulgada hoje, e advertiu contra "qualquer escalada das tensões" entre entre Washington e Pyongyang, após uma semana de intensa retórica bilateral.
Em um comunicado, Macron manifestou sua "preocupação diante do agravamento da ameaça balística e nuclear proveniente da Coreia do Norte". O presidente afirmou ainda que "a comunidade internacional deve agir de maneira concertada, dura e eficaz", com o objetivo de levar Pyongyang "a retomar sem condições a via do diálogo".
"Com os outros membros do Conselho de Segurança", a França pede à Coreia do Norte que "cumpra sem demora suas obrigações internacionais e proceda ao desmantelamento completo, verificável e irreversível de seus programas nucleares e balísticos", acrescentou.
O presidente francês também lembrou "os aliados e sócios da França" na região próxima à península coreana "de sua solidariedade no momento atual".
Londres também reagiu neste sábado. O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, responsabilizou o regime de Kim Jong-un pela "crise" e garantiu que trabalha com seus sócios para encontrar uma "saída diplomática" para o conflito.
"O regime norte-coreano é a causa do problema e deve resolvê-lo", tuitou Johnson.
"A comunidade internacional trabalha lado a lado para garantir que a Coreia do Norte ponha fim a suas operações agressivas", assegurou, acrescentando que "trabalhamos com os Estados Unidos e com nossos sócios na região para encontrar uma saída diplomática para a crise".
O aumento das tensões entre a Casa Branca e o regime de Kim Jong-un afeta os mercados financeiros e preocupa vários líderes mundiais.
Ontem, em Moscou, o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, já havia manifestado sua grande preocupação com os riscos "muito altos" de um conflito.
Na tentativa de acalmar os ânimos, uma fonte da Casa Branca garantiu que as palavras de Trump não devem ser consideradas como o sinal de uma ação militar iminente.
"Há planos militares para mais, ou menos, todas as crises no mundo (...) Não é nada novo", afirmou essa fonte que pediu para não ser identificada.
O Pentágono tem hoje 28.500 soldados ao sul do paralelo 38 e, para proteger o território dos mísseis norte-coreanos de médio alcance, os Estados Unidos contam com um escudo antimísseis, o THAAD, que pode interceptar os projéteis em alta altitude.