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Ataque extremista em Barcelona deixa 13 mortos e mais de 100 feridos

Van avançou sobre uma multidão em Las Ramblas, turística avenida da capital catalã, em um ataque terrorista reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico

Agência France-Presse
postado em 17/08/2017 22:31
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Ao menos 13 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas nas cidades catalãs de Barcelona e Cambrils, em dois atropelamentos atribuídos a "terroristas", em mais um episódio contra a Europa relacionado a grupos extremistas islâmicos.
"Podemos confirmar que já são 13 mortos e que há mais de 100 feridos", informou em coletiva o ministro do Interior do governo catalão, Joaquim Forn, sobre o ataque a Barcelona. O número de mortos pode aumentar pela gravidade de alguns feridos, advertiu.

[SAIBAMAIS]A ação na capital catalã foi reivindicada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI)

Horas após o ataque em Barcelona, seis civis e um policial ficaram feridos, na madrugada de sexta-feira, quando um veículo foi atirado contra a multidão em Cambrils, 120 km ao sul.

Quatro suspeitos foram mortos no confronto com a polícia e o quinto faleceu quando era atendido em um hospital.

Entre os seis civis atropelados em Cambrils, dois se encontram em estado grave, enquanto um agente foi ferido levemente, segundo a polícia.

Já o serviço de emergências comunicou um ferido em "estado crítico".

O ataque em Barcelona foi reivindicado pelo EI em um comunicado divulgado por sua agência de propaganda Amaq: "os autores do ataque de Barcelona eram soldados do Estado Islâmico".

Durante a tarde, uma van atravessou a toda velocidade a mais turística das avenidas de Barcelona, onde turistas espanhóis e estrangeiros costumam passear, e percorreu centenas de metros atropelando pessoas, gerando cenas de pânico.

Além de espanhóis, entre os atropelados há cidadãos de Alemanha, Argentina, Austrália, Argélia, China, Bélgica, Cuba, França, Espanha, Holanda, Hungria, Peru, Romênia, Irlanda, Grécia, Macedônia, Itália e Venezuela, segundo as autoridades.


Motorista foragido

"Evidentemente [é] um atentado terrorista com vontade de matar o maior número de pessoas", assinalou o porta-voz da polícia catalã, Josep Lluis Trapero.

Dois suspeitos foram detidos pelo atentado, um nascido no enclave espanhol de Melilla, no Marrocos, e um marroquino identificado como Driss Oukabir. No entanto, o motorista da van continua foragido, disse Trapero. Nenhum deles tinha antecedentes, explicou.

Em Cambrils, a polícia informou que "os supostos terroristas circulavam em um Audi A3 e, ao que parece, atropelaram diversas pessoas até baterem em um carro da Mossos d;Esquadra (polícia regional da Catalunha), quando começou o tiroteio".

A polícia vê relação entre os atropelamentos em Barcelona e em Cambrils, e liga os dois casos a uma explosão ocorrida na madrugada de quinta-feira em Alcanar, 200 km ao sul de Barcelona, supostamente quando era preparada uma bomba.

Os dois ataques remetem a outros atentados terroristas na Europa com veículos, como o de Nice em 14 de julho de 2016, quando um caminhão conduzido por um tunisiano foi lançado contra a multidão, matando 86 pessoas e deixando mais de 400 feridos.

Testemunhas em Barcelona descreveram cenas de terror: "Estava ao lado, no Corte Inglês [loja de departamentos] e ouvi um barulho forte. Tentamos sair, mas não pudemos. Vi quatro, cinco corpos no chão e pessoas tentado reanimá-los, e muito sangue", contou à AFP Lily Sution, uma turista holandesa.

"Quando tudo aconteceu, saí correndo e vi destroços, quatro corpos no chão, pessoas socorrendo, gente chorando e também havia muitos estrangeiros que perderam os seus familiares", disse Xavi Pérez, de 26 anos e balconista.

Reabertura do centro

Após o ataque na capital catalã, o Palácio Real espanhol condenou a ação em duros termos no Twitter: "são uns assassinos, simplesmente uns criminosos que não vão nos aterrorizar. Toda a Espanha é Barcelona. Las Ramblas voltarão a ser de todos".

O chefe de Governo, Mariano Rajoy, foi rapidamente para Barcelona, onde o governo catalão está empenhado em realizar um referendo separatista.

Anunciando três dias de luto nacional, Rajoy declarou: "estamos unidos na dor, mas estamos - sobretudo - unidos na vontade de acabar com esta loucura e com esta barbárie. [...] Os espanhóis vão vencer".

Depois de manter a área cercada por um cordão de segurança desde a hora do ataque, as autoridades informaram na noite de quinta-feira que suspendiam as restrições de acesso ao centro da cidade e o confinamento para as últimas pessoas que se mantinham abrigadas em lojas.

O ataque causou o fechamento das estações de metrô e de trem próximas à zona, enquanto cancelavam todas as "atividades lúdicas" do dia na cidade.

Diante do ataque, a solidariedade aflorou: os taxistas levavam de forma gratuita os turistas que não conseguiam pegar o metrô, o consórcio Turismo Barcelona colocou à disposição quartos de hotel gratuitamente e os serviços de doação de sangue ficaram lotados de pessoas dispostas a ajudar.


Condenações

Ao redor do mundo, se multiplicaram as condenações ao ataque em Barcelona, cujas vítimas foram lembradas com homenagens na Torre Eiffel, em Paris, e no arranha-céu One World Trade Center, em Nova York.

"Os Estados Unidos condenam o ataque terrorista em Barcelona, na Espanha, e farão todo o necessário para ajudar", tuitou o presidente Donald Trump.

O papa Francisco expressou a sua "grande preocupação" com os atos; o presidente francês, Emmanuel Macron, transmitiu "a solidariedade" de seu país com as vítimas; e a primeira-ministra britânica, Theresa May, mostrou o seu apoio à Espanha "contra o terrorismo".

A Espanha, terceiro destino turístico mundial, permaneceu até agora à margem da onda dos atentados do grupo Estado Islâmico em grandes cidade europeias como Paris, Bruxelas, Londres, Nice e Berlim.

Mas em 11 de março de 2004 sofreu os atentados extremistas mais sangrentos cometidos na Europa, quando cerca de 10 bombas explodiram em vários trens de Madri, deixando quase 200 mortos. Os ataques foram reivindicados em nome da Al-Qaeda por uma célula islâmica radical.

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