Agência France-Presse
postado em 19/08/2017 17:21
A polícia espanhola procurava neste sábado um dos últimos integrantes ainda foragidos da célula extremista que cometeu os atentados de Barcelona e Cambrils, ambos reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI).
Depois do atentado de Barcelona, que deixou 13 mortos e mais de 120 feridos, a organização extremista reivindicou neste sábado o ataque de Cambrils, que matou uma pessoa e deixou seis feridas. Também neste sábado o EI assumiu a autoria de um ataque com faca na Rússia, que deixou sete feridos.
O governo espanhol decidiu manter, no entanto, o nível de alerta antiterrorista em quatro em uma escala até cinco, por considerar que não há elementos "que apontem para a execução de um atentado de maneira iminente", afirmou o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido. O nível cinco implicaria a presença de militares nas ruas.
O ministro afirmou que a célula, composta por 12 pessoas, foi "desmantelada".
No entanto, o conselheiro do Interior do governo regional catalão, Joaquim Forn, se mostrou mais prudente, afirmando não poder "ser considerada finalizada" a investigação até a descoberta do paradeiro ou que se detenham "as pessoas que acreditamos que integram esta célula terrorista".
A Polícia continuava à procura do marroquino Youn;s Abouyaaqoub, de 22 anos, e divulgou uma fotografia do suspeito.
De acordo com a imprensa, ele seria o motorista da van que atropelou mais de 100 pessoas na quinta-feira à tarde em Las Ramblas, em Barcelona, em um atentado que deixou 13 vítimas fatais.
A informação não foi confirmada pelas autoridades catalãs, que insistem em que o motorista da van ainda não foi identificado.
Interrogações sobre explosão em Alcanar
Horas depois do ataque em Barcelona, um Audi A3 avançou contra vários pedestres no calçadão de Cambrils, pequena localidade a 120 km ao sul de Barcelona, e só parou quando bateu em uma viatura da Polícia catalã. Uma pessoa atropelada não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital na sexta-feira.
No tiroteio após o atropelamento, a Polícia matou os cinco homens que estavam no veículo. Eles usavam falsos cinturões de explosivos e estavam com um machado e facas.
Até o momento, o balanço é de cinco integrantes do grupo mortos, quatro detidos e três identificados.
Dois destes últimos podem ter falecido na explosão que aconteceu na quarta-feira em uma casa de Alcanar, localidade a 200 km de Barcelona, onde o grupo tentava preparar explosivos.
- Operação na casa de imã -
Um dos epicentros da investigação é Ripoll, uma localidade catalã de 10.000 habitantes na região dos Pirineus. Nesta pequena cidade viviam sete integrantes da célula e neste sábado a Polícia realizou uma operação de busca na casa do imã Abdelbaki Es Satty, informou seu colega de apartamento.
Nourdden, amigo do imã, disse à AFP que ele era alguém "normal" e que o viu pela última vez na terça-feira: "Ele disse que encontraria a mulher no Marrocos".
O apartamento, ao qual a AFP teve acesso, é pequeno, com menos de 50 metros quadrados, e tinha uma decoração modesta. No quarto do imã não havia nada, exceto um colchão, uma pequena mesa e algumas prateleiras.
Em Ripoll moravam três criminosos mortos em Cambrils por agentes da polícia: Moussa Oukabir, de 17 anos, Said Aallaa, 18, e Mohamed Hychami, 24, todos marroquinos. Na localidade, onde também morou Youn;s Abouyaaqoub, três suspeitos foram detidos.
"Eu o conhecia de vista, mas é uma pessoa da qual você não espera algo desse tipo", afirmou à AFP Joan Gallego, um vizinho de 47 anos, em referência ao jovem Younes. "Eram boas pessoas, não tinham antecedentes", completou.
"Se um governo como o de Londres, como a CIA e o governo americano, ou a Espanha com o CNI [Centro Nacional de Inteligência], e inclusive o governo da Catalunha com os Mossos d;Esquadra [polícia regional] não conseguem detê-los, como conseguiria a prefeitura de uma cidade de 10.000 habitantes com 14 policiais?", resumiu o prefeito Jordi Munell.
Vítimas de 35 nacionalidades
O rei Felipe VI e a rainha Letizia visitaram neste sábado os feridos dos atentados em dois hospitais.
"Desejamos vir para visitar, para estar perto de todas as vítimas e transmitir nosso carinho e nosso afeto", declarou o monarca no hospital de Sant Pau.
À tarde, Felipe e Letizia foram para Las Ramblas depositar uma coroa de flores em um altar improvisado em homenagem às vítimas, rodeados pelo presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, e a prefeita de Barcelona, Ada Colau.
Ao redor havia dezenas de curiosos e foram ouvidos "vivas" à Espanha e Catalunha.
Os ataques deixaram vítimas de pelo menos 35 nacionalidades. Entre os 14 mortos havia quatro espanhóis, três italianos, uma argentina que também tinha nacionalidade espanhola, e um canadense.