Agência France-Presse
postado em 22/08/2017 10:15
Roma, Itália - Após 16 horas de trabalho, os bombeiros italianos resgataram nesta terça-feira (22/8) o terceiro irmão que estava preso nos escombros provocados pelo terremoto de 4 graus registrado na segunda-feira (21/8) na ilha italiana de Ischia, que deixou dois mortos.
O resgate foi muito aplaudido. Os bombeiros trabalharam sem trégua para resgatar Ciro, o último dos três irmãos a ser retirado dos destroços da casa da família na localidade de Casamicciola, noroeste da turística ilha, perto de Nápoles.
Durante a noite, as equipes de emergência retiraram o pai e, depois, os outros dois filhos, Pasquale de 7 meses e Mattias, até culminar com o terceiro resgate após 16 horas. Ciro, de 11 anos, coberto de poeira, foi colocado em uma maca e levado de ambulância para um hospital para uma série de exames, mas parecia em boas condições.
[SAIBAMAIS]"Ciro está são e salvo. Os bombeiros não pararam de trabalhar para socorrer os três meninos", anunciou o corpo de bombeiros no Twitter. O pai das crianças contou à imprensa que estava na cozinha quando aconteceu o desabamento.
Os meninos estavam em seu quarto, enquanto a esposa, grávida de cinco meses, estava no banheiro e conseguiu sair por uma janela. Ela foi a responsável por alertar as autoridades. O Departamento de Defesa Civil informou que uma idosa faleceu na localidade de Casamicciola, noroeste da ilha, ao ser atingida pelo material que caiu de uma igreja. Outras 25 pessoas ficaram levemente feridas.
A imprensa italiana informou que o corpo de outra mulher foi encontrado nos escombros de uma casa. De acordo com a imprensa local, os meninos sobreviveram, porque se refugiaram debaixo de uma cama. O diretor da Defesa Civil, Angelo Borrelli, explicou que duas localidades da ilha, Casamicciola e a vizinha Lacco Ameno, muito procuradas durante o verão, foram as mais afetadas.
O terremoto aconteceu às 20h57 de segunda-feira (15h57 de Brasília), com epicentro localizado a 10 km da ilha, e foi seguido por 14 tremores secundários. Vários edifícios desabaram, e outros apresentavam rachaduras e danos após o terremoto relativamente fraco, o que provocou muito debate sobre a falta de medidas e de controles de segurança das construções.
O ex-promotor de Nápoles Aldo de Chiara denunciou no jornal "Il Corriere della Sera" o elevado número de construções ilegais, realizadas com material de baixa qualidade, em uma zona de intensa atividade sísmica, de origem vulcânica e apreciada como destino turístico internacional.
Problemas no hospital
O único hospital da ilha, situado em Lacco Ameno, foi parcialmente esvaziado, mas as autoridades criaram uma estrutura provisória para atender aos feridos.
Cinco pacientes foram levados de helicóptero para outro hospital da região. Uma embarcação com capacidade para 1 mil passageiros chegou à ilha para retirar as pessoas que desejarem abandonar o local após o terremoto. O tremor aconteceu poucos dias antes do primeiro aniversário, na quinta-feira, do terremoto que deixou 299 mortos em Amatrice e em municípios vizinhos do centro do país.
Em outubro de 2016 e em janeiro 2017 três terremotos abalaram a mesma região. Em plena temporada turística de verão, os restaurantes estavam lotados, e as lojas continuavam abertas no momento do terremoto.
A energia elétrica retornou em poucos minutos, mas muitos moradores optaram por permanecer nas ruas. A ilha de Ischia é cenário frequente de terremotos, o mais grave deles ocorrido em 1883, quando um tremor de 5,8 graus deixou mais de 2 mil mortos, incluindo a família do filósofo Benedetto Croce, que tinha 17 anos e foi resgatado dos escombros.