Um ano depois do terremoto que devastou o centro da Itália, o país presta uma homenagem na quinta-feira (24/8) aos 299 mortos da tragédia, enquanto os sobreviventes continuam lutando contra a lentidão da reconstrução de sua cidade.
[SAIBAMAIS]O terremoto registrado na segunda-feira (21/8) na ilha de Ischia, em frente à costa de Nápoles, que causou a morte de duas pessoas e o desmoronamento de casas e edifícios, fez lembrar que a Itália é um país sísmico.
Quando, na madrugada de 24 de agosto de 2016, um terremoto de magnitude 6,0 arrasou Amatrice e devastou várias localidades do centro da ilha, a Itália viveu um de seus maiores pesadelos.
Quase 300 pessoas morreram sob os escombros. Valiosos monumentos históricos, edifícios medievais, do Renascimento e também de construção recente foram arrasados, e o tecido econômico e social de uma próspera região foi destruído.
Poucos meses depois, a mesma região foi sacudida novamente por uma série de fortes terremotos, em 26 e 30 de outubro, e depois em 18 de janeiro, com menos vítimas do que o de agosto. Mas os danos acumulados chegaram a 23 bilhões de euros.
Na quinta-feira, os familiares de 239 vítimas se reunirão à 01h30 (20h30 de Brasília de quarta-feira) para rezar e depois desfilarão com tochas em meio às ruínas da parte histórica de Amatrice. O sino da igreja vai badalar 239 vezes como homenagem.
Mais tributos foram organizados para quarta e quinta-feira em outras localidades atingidas: Accumoli, Arquata del Tronto e Pescara del Tronto.
A região é um fervedouro de queixas, a insatisfação reina, os trabalhos de limpeza e reconstrução demoram, os atingidos continuam morando nos arredores, a parte histórica das cidades permanece sendo zona de risco e só pode ser acessada com permissões especiais.
O desafio da reconstrução
O governo aprovou um fundo de mais de seis bilhões de euros para a reconstrução. "Diante de uma sequência sem precedentes de eventos sísmicos realizaremos medidas e disponibilizaremos recursos sem precedentes", assegurou na segunda-feira (21/8) o chefe de Governo, Paolo Gentiloni.
Somente 10% das 4.000 toneladas de escombros foram retirados. A maior parte do material é delicado e deve ser classificado antes de ser enviado para a restauração a fim de evitar que seja levado para o mercado ilegal de antiguidades.
O plano de reconstrução do governo é ambicioso e conta com um orçamento de 500 milhões de euros, 12 vezes maior que o dado para L;Aquila após o terremoto de 2009.
Diferentemente de L;Aquila, onde as vítimas foram levadas para novos bairros da periferia e o centro histórico ficou vazio, as autoridades esperam recuperar esse valioso patrimônio artístico e cultural.
Amatrice quer retomar a beleza do passado, sem os edifícios que a descaracterizaram no século XX, e contar com uma praça que, segundo o traçado do século XV, foi proibida pelo papa de então.
Para recuperar o coração da península, a Itália aponta para mudar a mentalidade de um país que não respeita as normas antiterremotos, não usa material adequado e, sobretudo, não leva em conta a sua geografia, sendo uma das áreas sísmicas mais ativas da Europa.