Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (25/8) "novas e fortes" sanções financeiras contra a "ditadura" na Venezuela, entre elas, a proibição de negociar bônus soberanos e da companhia petroleira estatal PDVSA.
[SAIBAMAIS]Um decreto assinado pelo presidente Donald Trump, o primeiro que afeta o país e não apenas indivíduos venezuelanos, "proíbe negociar nova dívida emitida pelo governo da Venezuela e sua empresa petroleira estatal", indicou a Casa Branca.
"Também proíbe a negociação de certos bônus existentes, propriedade do setor público venezuelano, assim como o pagamento de dividendos ao governo da Venezuela", completou o comunicado.
Até aqui, o governo de Trump só tinham imposto sanções financeiras e jurídicas contra Maduro e 20 funcionários e colaboradores, acusando-os de ferir a democracia, corrupção ou violação dos direitos humanos.
A Casa Branca disse que "para mitigar o dano ao povo americano e ao venezuelano", o Departamento de Tesouro vai emitir licenças com um período de liquidação de 30 dias para permitir as transações que, senão, seriam proibidas por esse decreto, entre elas, as vinculadas à exportação e à importação de petróleo.
"Essas medidas estão cuidadosamente calibradas para negar à ditadura de (Nicolás) Maduro uma fonte crítica de financiamento para manter seu mandato ilegítimo, proteger o sistema financeiro dos Estados Unidos de cumplicidade na corrupção na Venezuela e no empobrecimento do povo venezuelano e permitir a assistência humanitária", apontou o texto.
Washington e Caracas retiraram seus respectivos embaixadores em 2010. Mas, até hoje, os países têm fortes vínculos econômicos e comerciais, sobretudo na indústria petroleira,
;Mais perto do default;
Cada vez mais isolado internacionalmente em meio a uma severa crise política e econômica, Maduro instalou em 4 de agosto uma Assembleia Constituinte com plenos poderes, rechaçada pela oposição e por vários países, entre eles, Estados Unidos.
"A ditadura de Maduro continua privando o povo venezuelano de alimentos e remédios, prendendo a oposição democraticamente eleita e suprimindo violentamente a liberdade de expressão", enfatizou a Casa Branca nesta sexta.
O governo americano denunciou que, para se proteger, o governo venezuelano promove o enriquecimento de funcionários corruptos.
"A má gestão econômica de Maduro e o saque desenfreado dos ativos do país levaram a Venezuela a estar cada vez mais perto do default", afirmou.
A agência de classificação financeira SP Global Ratings alertou, em julho, sobre o risco de calote devido à deterioração das condições econômicas e ao aumento das tensões políticas na Venezuela.
Entre outubro e novembro, Venezuela e PDVSA vão ter que pagar cerca de 3,8 bilhões de dólares em vencimentos dos bônus.
;EUA não estão sozinhos;
Recentemente, Trump ameaçou recorrer à "opção militar" na Venezuela, uma declaração rechaçada pelos governos da América Latina.
O vice-presidente Mike Pence destacou essa postura em uma viagem pela América Latina, em que assegurou que os Estados Unidos buscam uma saída pacífica, mas alertou que o colapso da Venezuela ameaça toda a região, porque favoreceria o narcotráfico e a imigração ilegal.
Pence destacou que seu governo não é o único que condena o governo de Maduro.
Na Declaração de Lima, de 8 de agosto, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru expressaram sua "condenação enérgica à decisão da Assembleia Nacional Constituinte de usurpar as funções" do Parlamento.
"As novas sanções financeiras dos Estados Unidos apoiam essa postura regional de isolamento econômico da ditadura de Maduro", destacou a Casa Branca.
"Os Estados Unidos não estão sozinhos na condenação ao regime de Maduro", concluiu.