postado em 30/08/2017 13:37
Depois de 13 anos, as tropas brasileiras se despedem oficialmente da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah, na sigla em francês) nesta quinta-feira (30/8). O encerramento das atividades será marcado por uma cerimônia às 19h de Porto Príncipe (20h em Brasília). Desde a decisão do Conselho de Segurança de extinguir a missão, o contingente tem se reduzido gradualmente até a retirada completa, prevista para 15 de outubro de 2017.
Nos últimos 13 anos, 37.500 militares atuaram na região. A Minustah foi criada em 30 de abril de 2004 pela Resolução 1542 do Conselho de Segurança da ONU para colocar fim à violência e à instabilidade política no Haiti. A ação foi implementada efetivamente em 1; de junho do mesmo ano. O objetivo era suceder de maneira mais estruturada a Força Multinacional Interina, estabelecida dois meses antes (26/02/2004) pela Resolução 1529.
A missão foi autorizada a mobilizar no Haiti até 6.700 militares, 1.622 policiais, 550 funcionários civis internacionais, 150 voluntários das Nações Unidas e cerca de 1 mil funcionários civis locais. Além do contingente brasileiro, integraram a Minustah 550 militares de Japão, Chile, Nepal, Jordânia, Uruguai, Paraguai, Coreia do Sul, Sri Lanka, Argentina, Bolívia, Guatemala, Peru, Filipinas e Equador. Canadá, Estados Unidos e França prestaram apoio estrutural.
Mortes e doenças
Em janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7.0 atingiu a ilha caribenha, com o epicentro localizado a 25 km da capital, Porto Príncipe. A morte de 220 mil pessoas, incluindo 102 funcionários da ONU, forçaram a permanência das tropas na região, diante do adiamento de esforços para a reconstrução do país. Milhares de pessoas ficaram feridas ou incapacitadas permanentemente enquanto 1,5 milhão de pessoas ficaram desalojadas. A catástrofe também levou a um clima de incerteza política, interrompendo um período de relativo progresso em direção a eleições legislativas, presidenciais e municipais, programadas para fevereiro daquele ano.
[SAIBAMAIS]As unidades militares e civis especializadas realizaram dezenas de operações de busca e salvamento, estabeleceram hospitais de campo e forneceram apoio imediato a esforços de assistência salva-vidas, restaurando a infraestrutura base do país. Depois da tragédia, veio o surto de cólera, que agravou ainda mais o quadro de miséria no Haiti.
Em novembro do mesmo ano, o furacão Thomas atingiu o Haiti e, mais uma vez, os militares prestaram assistência humanitária. As forças da paz ajudaram a Agência Haitiana de Proteção Civil e ONGs atuantes no país a retirar moradores de áreas rurais para abrigos mais seguros. Depois, as unidades de engenharia atuaram em meio aos deslizamentos de terra, reabriram estradas e ajudaram a desviar a água acumulada da chuva, enquanto outros contingentes forneceram alimentos, água potável e suprimentos para população.
A Minustah será substituída pela Missão das Nações Unidas para apoio à Justiça no Haiti (MINUJUSTH, na sigla em francês), que irá apoiar os esforços governamentais no fortalecimento das instituições, no desenvolvimento da Polícia Nacional e no monitoramento, relato e análise da situação dos direitos humanos. "O Haiti passará da estabilização para a construção institucional de longo prazo e desenvolvimento em estreita cooperação com a Equipe de País das Nações Unidas e outros parceiros internacionais", afirmou a ONU em nota.