Agência France-Presse
postado em 30/08/2017 17:03
A economia americana cresceu em seu ritmo mais acelerado em mais de dois anos no segundo trimestre de 2017, alcançando a meta do presidente Donald Trump pela primeira vez desde que ele assumiu, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30/8). A alta dos gastos dos consumidores e dos investimentos estimularam o avanço do Produto Interno Bruto (PIB), que, entre abril e julho, cresceu 3,0%, de acordo com a segunda estimativa do Departamento do Comércio. Esta aferição supera as previsões dos analistas, que esperavam um aumento de 2,7% do PIB.
No entanto, o crescimento da primeira metade do ano ficou em 2,1%, ainda abaixo da média de 2,2% registrada nos últimos três anos. Especialistas avaliaram que o dado - que sofreu um rara revisão de quatro décimos ante a estimativa do PIB publicada no mês passado, de 2,6% - aponta para uma economia com bases sólidas o bastante para manter o desemprego no ritmo baixo atual. Mas os analistas não esperam que esse nível se mantenha e alertaram que a desaceleração do crescimento por causa da tempestade Harvey deve ser significativa, dada a extensão do dano provocado pelas chuvas e inundações.
[SAIBAMAIS]A administração de Trump prometeu retomar o crescimento da maior economia do mundo para uma expansão anual de 3% ou mais, por meio do corte de impostos e regulamentações e do estímulo ao comércio. Economistas disseram que essa meta não é realista, e a agenda de crescimento de Trump continua empacada no Congresso. Trump alienou membros de seu próprio partido, que vão enfrentar duras batalhas no Congresso no mês que vem acerca do teto da dívida, orçamento e apoio às áreas atingidas pelo furacão Harvey.
Economia de 3%
Trump celebrou o PIB em uma aparição pública em Springfield, Missouri, onde ele foi tentar estimular seu plano de reforma fiscal. Ele disse que "estamos realmente no caminho". "Se conseguirmos alcançar crescimento sustentado de 3%, isso significa 12 milhões de novos empregos e 10 trilhões de dólares em novas atividades econômicas ao longo da próxima década", afirmou. "Esses são alguns números. E acontece de eu ser um dos que acham que nós podemos ir muito além dos 3%".
Essa segunda estimativa do PIB para o período de abril a junho - que ainda está sujeita a novas revisões - refletiu nas vendas maiores de bens duráveis, como veículos, um setor que está sofrendo na primeira metade do ano, após um 2016 de recordes. Os novos dados também mostraram maiores investimentos em produtos de propriedade intelectual, como softwares de computação.
Mas especialistas apontam que, dado o modesto crescimento de 1,2% no primeiro trimestre, eles já esperavam um segundo trimestre mais forte. Isso significa que a alta pode ser decorrente mais de estatísticas que da realidade. Mickey Levy, da Berenberg Capital Markets, disse que o dado de 3% "não deve ser interpretado como um valor nominal". "Os Estados Unidos não têm uma economia de 3% - parte disso decorre da recuperação de uma estimativa peculiar do PIB no primeiro trimestre", escreveu em nota.
A aceleração do crescimento pode aliviar a pressão sobre o Federal Reseve (Fed, o Banco Central americano), que tem estado dividido sobre os rumos da política monetária nos últimos meses. O Fed aumentou as taxas de juros duas vezes neste ano, mas havia expectativas no mercado de que o banco central elevasse novamente o indicador até dezembro, por causa da baixa inflação.