Agência France-Presse
postado em 03/09/2017 00:33
A Coreia do Norte desenvolveu uma bomba de hidrogênio que pode ser carregada no novo míssil balístico intercontinental do país, afirmou neste domingo (horário local) a oficial Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA).
Permanecem em aberto perguntas sobre se Pyongyang conseguiu miniaturizar com sucesso seu armamento e se possui uma bomba H que funciona, mas a KCNA disse que o líder Kim Jong-Un havia inspecionado esse dispositivo no Instituto de Armas Nucleares.
Trata-se de uma "arma termonuclear com extraordinário poder explosivo feita graças aos nossos próprios esforços e tecnologia", detalhou a KCNA. Citando o líder norte-coreano, disse que "todos os componentes da bomba H foram 100% fabricados" pela Coreia do Norte.
Imagens difundidas pela agência oficial mostram Kim de terno preto examinando um artefato metálico em forma de tubo com duas protuberâncias.
A Coreia do Norte desencadeou uma nova escalada de tensões em julho, quando testou dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) do tipo Hwasong-14, aparentemente capazes de alcançar o território continental dos Estados Unidos.
Desde então, ameaçou lançar uma salva de foguetes em direção à ilha americana de Guam, no Oceano Pacífico, e na semana passada disparou um míssil que sobrevoou o Japão.
O presidente americano, Donald Trump, alertou a Coreia do Norte que esta se expõe a um dilúvio de "fogo e fúria" e disse que as armas dos Estados Unidos estão "preparadas e carregadas".
Após realizar seu quarto teste nuclear, em janeiro de 2016, Pyongyang afirmou que o dispositivo era uma bomba H miniaturizada com poder de destruição muito maior que artefatos nucleares anteriores.
Mas especialistas disseram que a bomba de seis quilotons desenvolvida não era potente o suficiente para armar um dispositivo termonuclear.
Quando realizou seu quinto teste, em setembro de 2016, não disse que se tratava de uma bomba de hidrogênio.
Escalada
Desde então, Pyongyang "elevou sua capacidade técnica a um nível ultramoderno sobre a base do sucesso alcançado no primeiro teste da bomba H", indicou a KCNA neste domingo, acrescentando que Kim "estabeleceu tarefas a serem cumpridas na pesquisa em armas nucleares".
Montar uma ogiva em um míssil equivaleria a uma escalada significativa por parte da Coreia do Norte, pois aumentaria o risco de preparação de um possível ataque.
A Coreia do Norte assegura que uma arma nuclear dissuasiva é fundamental para a sua sobrevivência, por considerar que se encontra sob a ameaça permanente dos Estados Unidos.
Pyongyang foi alvo de sete pacotes sucessivos de sanções impostos pelo Conselho de Segurança da ONU em resposta aos seus programas balístico e nuclear, mas insiste em que continuará desenvolvendo-os.
Estima-se que o o primeiro teste nuclear, de 2006, e os testes seguintes tinham como objetivo aperfeiçoar seu design e fiabilidade, assim como aumentar sua potência.
A detonação mais recente, em setembro do ano passado, foi "a mais poderosa até hoje", segundo Seul, com um poder de 10 quilotons, inferior aos 15 quilotons da bomba americana que destruiu a cidade japonesa de Hiroshima em 1945.
As bombas atômicas utilizam o princípio da fissão nuclear, na qual a energia é liberada pela divisão de átomos de urânio enriquecido ou plutônio no artefato montado na ogiva do dispositivo. As bombas de hidrogênio - ou "bombas H", também conhecidas como armas termonucleares - recorrem à fusão nuclear e são muito mais poderosas.
Até hoje, nunca foram utilizadas bombas H em combates, mas estas fazem parte da maioria dos arsenais nucleares existentes no mundo.
Segundo Melissa Hanham, do Instituto Middlebury para Estudos Internacionais da Califórnia, as imagens da suposta bomba de hidrogênio norte-coreana inspecionada por Kim não provam sua existência.
"Não sabemos se essa coisa está cheia de poliestireno, mas sim, sua forma parece indicar que contém dois artefatos", tuitou a especialista.
Alguns relatórios asseguram que a Coreia do Norte está se preparando para realizar um sexto teste nuclear, embora o site especializado 38 North tenha indicado, na semana passada, que imagens feitas por satélites no local de testes norte-coreano Punggye-ri não mostram que uma detonação seja iminente.