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Sem seguros, vítimas da tempestade Harvey se voltam para o Estado

De acordo com a Casa Branca, cerca de 100 mil casas foram afetadas pelo desastre. Analistas previram que os danos variam entre 30 bilhões e 100 bilhões de dólares

Agência France-Presse
postado em 04/09/2017 14:23

De acordo com a Casa Branca, cerca de 100 mil casas foram afetadas pelo desastre. Analistas previram que os danos variam entre 30 bilhões e 100 bilhões de dólares

A devastação provocada pela tempestade Harvey vai entrar para a história como uma das mais custosas aos Estados Unidos. Como a maior parte das vítimas não tem cobertura de seguros, elas esperam conseguir ajuda do governo e apoio dos americanos.

[SAIBAMAIS]Casas alagadas, carros inutilizados, redes elétricas interrompidas e infraestruturas ameaçadas. A reconstrução da tempestade, que atingiu o sudeste do Texas e parte da Louisiana, vai depender de mobilização em larga escala.

De acordo com a Casa Branca, cerca de 100 mil casas foram afetadas pelo desastre. Analistas previram que os danos variam entre 30 bilhões e 100 bilhões de dólares.

Chuck Watson, da empresa de análise de desastres naturais Enki Research, disse à AFP que há muita incerteza em torno das estimativas tão pouco tempo depois de um evento deste porte.

Numa nota publicada na semana passada, Watson disse que sua estimativa média para os danos econômicos e de propriedades é de 78 bilhões de dólares, o que pode fazer do Harvey o segundo maior ciclone dos Estados Unidos em termos de custo, atrás do furacão Katrina de 2005. Pelos seus cálculos, o custo da tempestade será de 118 bilhões de dólares.

Uma equipe alemã de especialistas em desastres naturais disse, na quinta-feira, que só no Texas os danos devem chegar a 58 bilhões de dólares.

Mas, nas zonas de enchentes designadas pelo governo federal, apenas 12% dos proprietários de casas têm cobertura de inundação, segundo o Instituto de Informação de Seguros. No sul do país, o dado sobe para cerca de 14%.

As apólices de seguros para proprietários nos Estados Unidos não costumam incluir proteção para alagamentos e, com mapas de inundações atuais considerados obsoletos e imprecisos, Watson estima que cerca de dois terços dos estragos do Harvey aconteceram fora dessas áreas.

Doações de celebridades

Sem os seguros privados, as vítimas ficam à mercê da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês), que gerencia o Programa Nacional de Seguro contra Inundações (NFIP, em inglês).

"A Fema recebeu mais de 427 mil pedidos de assistência", disse um porta-voz da agência à AFP.

"Mais de 117 mil indivíduos e famílias foram aprovados para receber mais de 76 milhões de dólares de assistência".

Os segurados apresentaram 51 mil reivindicações no âmbito do NFIP no Texas, disse o porta-voz, acrescentando que os requerentes podem ser elegíveis para pagamentos antecipados de 5 mil a 10 mil dólares, antes da inspeção de um regulador.

A cobertura mídia tem destacado o rombo de 24 bilhões de dólares do NFIP, que paga mais do que recebe, lançando dúvidas sobre sua capacidade de auxiliar.

A Casa Branca apresentou na sexta-feira à noite uma solicitação ao Congresso para liberar 7,85 bilhões de dólares para ajudar a custear a recuperação e tem mais pedidos à vista.

Após o Katrina, os legisladores aprovaram 100 bilhões de dólares em apoio à reconstrução. O furacão deixou 1.800 mortos.

Celebridades como Beyoncé, natural de Houston, a atriz Sandra Bullock e o jogador de futebol americano JJ Watt também anunciaram doações para as vítimas do Harvey.

O texano bilionário Michael Dell, da gigante tecnológica Dell, e sua mulher Susan prometeram, na sexta-feira, doações pessoais de 18 milhões de dólares para o fundo de reconstrução do Texas. A NBA também disse que vai doar 1 milhão de dólares.

O presidente Donald Trump, que voltou ao Texas neste sábado, também prometeu uma doação de 1 milhão de dólares.

Além dos prejuízos imediatos, economistas da Barclays avaliaram que a tempestade Harvey pode custar entre 1% e 1,5% do crescimento econômico americano no terceiro trimestre.

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