Agência France-Presse
postado em 07/09/2017 12:51
O devastador furacão Irma deixou pelo menos quatro mortos e 21 feridos em sua passagem pela ilha caribenha franco-holandesa de St. Martin, anunciou o governo francês na manhã desta quinta-feira. Inicialmente, o número de oito mortos chegou a ser divulgado, para revisão posterior. Além disso, ao menos uma pessoa morreu em Barbuda e três, em Porto Rico.
Ao ultrapassar 33 horas classificado como de categoria 5 (intensidade máxima), o Irma se tornou o furacão que mais tempo permaneceu na intensidade máxima, segundo a agência Météo France. Assim, espera-se que o fenômeno cause grande destruição na costa sudeste dos Estados Unidos, especialmente na Flórida, onde deve chegar no fim de semana.
Irma bateu o recorde do supertufão Haiyan, que gerou, em 2013, nas Filipinas, os mesmos ventos (295km/h) por 24 horas. "Com uma intensidade dessas e com essa longevidade, nunca se viu algo assim no mundo, desde o início da era dos satélites, há 50 anos", disse a meteorologista Etienne Kapikian, da Météo France.
Destruição no Caribe
A ministra francesa de Ultramar, Annick Girardin, está na Ilha de Guadalupe, à qual St. Martin é subordinada em termos administrativos. Os "reforços humanos e materiais" incluem um efetivo de cerca de 200 pessoas, entre socorristas, militares, bombeiros e médicos.
Também há cães, "porque, infelizmente, vamos ter trabalho em St. Barts [uma ilha francesa vizinha de St. Martin], onde os danos são muito grandes", declarou Girardin. A ministra comemorou que parte da pista do aeroporto de San Martín tenha sido reaberta, o que permitirá a chegada de um avião militar de reconhecimento.
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Em declarações a uma rádio, o ministro francês do Interior, Gérard Collomb, advertiu que "os números vão, evidentemente, mudar durante o dia" e que as informações são, por enquanto, "parciais", em função das dificuldades de comunicação entre St. Martin e St. Barts.
Do outro lado, o furacão Irma arrasou o aeroporto e o porto, deixando "inacessível" essa parte da ilha, declarou o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. "A ilha não está acessível neste momento, devido aos enormes danos no aeroporto e no porto", disse Rutte aos jornalistas, acrescentando que ainda não há informações de mortos na parte holandesa.
"Devastador" nos EUA
O furacão Irma terá um impacto "realmente devastador" quando chegar à costa americana da Flórida, afirmou o diretor da Agência de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês), Brock Long, em entrevista à rede CNN. "A maior parte das pessoas ao longo da costa (americana) nunca experimentou um furacão como este. Será realmente devastador", advertiu Long, lembrando que os Estados Unidos foram atingidos por furacões de categoria cinco apenas três vezes desde 1851.
Long advertiu a população para que siga as ordens de evacuação emitidas pelas autoridades na Flórida. Além desse estado, "todo o sudeste dos Estados Unidos deve se manter seguro e manter atenção", em especial na Geórgia e nas Carolinas do Norte e do Sul, frisou. Em meio à situação de alerta, o presidente Donald Trump tuitou: "Sejam prudentes, permaneçam em lugares seguros". "Dispomos de equipes com gente talentosa e corajosa no local e disposta a ajudar", completou.
Irma é o mais potente furacão prestes a passar pela Flórida desde o Andrew em 1992, também de categoria 5, a mais alta na escala de Saffir-Simpson. Embora sua trajetória ainda seja incerta, espera-se que o Irma chegue à Flórida no fim de semana.
José é bem menos perigoso
O furacão José se aproxima das Antilhas, "mas é incomparável com o Irma" e certamente vai ficar longe da terra, levando, contudo, fortes chuvas às já atingidas ilhas de Saint Martin e Saint Barts - informou o serviço de meteorologia francês, Météo France, nesta quinta-feira (7).
Cerca de 1.400 quilômetros a leste do arco antilhano, José se encontra, atualmente, na categoria um. A escala que mede furacões vai até cinco.
"Vai-se aproximar entre hoje e sábado e vai passar a poucas centenas de quilômetros a norte/noroeste de St. Martin e de St. Barts", provavelmente com categoria dois no sábado, indicou o meteorologista Etienne Kapikian.
"A natureza do fenômeno é a mesma que a do Irma, mas mais fraca", explicou, acrescentando que, por ora, não se prevê que o olho do furacão passe por terra.
O entorno do José pode desencadear, porém, "chuvas tempestuosas e fortes ondulações" - sobretudo, nas ilhas já devastadas pelo Irma.
"Não são as condições ideais para operações de resgate, mas é incomparável com o Irma", disse Kapikian.
Há ainda um outro furacão na região, o Katia, no Golfo do México.
Ainda na categoria um, ele "vai tocar a terra no México, no norte do estado de Veracruz, entre hoje e sexta-feira. Pode levar fortes chuvas à costa mexicana, que também poderiam chegar no sábado à Cidade do México", segundo o Météo France.
"Teremos três ciclones simultaneamente no Atlântico, algo que não acontecia há sete anos", completou Kapikian.