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Irma perde força após atingir Flórida; milhões ainda estão sem energia

Irma deixou um rastro mortal em Cuba e no Caribe, antes de perder força na segunda-feira, mas continuava afetando o sudeste dos Estados Unidos, onde provocou "devastação" nas Florida Keys e inundações em Jacksonville


Segundo os meteorologistas, o olho de Irma continuará se movendo sobre o sudoeste da Geórgia na noite de segunda-feira e se moverá em direção ao Alabama na terça. Cerca de 6,3 milhões de pessoas no sudeste dos Estados Unidos receberam ordens para evacuar a zona devido ao furacão, que provocou um dos maiores êxodos da história do país.

Como estava previsto, Irma atingiu no domingo de manhã as Florida Keys, um conjunto de ilhas ao sul da península, como furacão de categoria 4 (em uma escala de 5), e à tarde voltou a tocar terra em Marco Island (oeste), mas com categoria 2.

Miami, a maior cidade americana na trajetória do Irma, amanheceu nesta segunda-feira com galhos, escombros e letreiros pelas ruas, especialmente no centro e no distrito financeiro de Brickell, cujo passeio costeiro foi invadido pelas águas. "Agora entramos em uma etapa mais longa, que é a etapa de recuperação", disse o prefeito de Miami, Carlos Gimenez. "E, acreditem em mim, parte disso vai levar tempo, especialmente o restabelecimento da energia", completou.

Ajuda internacional
Enquanto os residentes começavam a revisar suas casas, as autoridades advertiram sobre linhas elétricas derrubadas, esgoto sem tratamento e fauna deslocada, como serpentes e jacarés.

Em Bonita Springs, na costa sudoeste da Flórida, duramente impactada pelo Irma, grandes áreas estavam inundadas, e a cidade continuava sem energia elétrica. Alguns tentavam chegar às suas casas, caminhando com água pela cintura, enquanto outros remavam em canoas. O presidente americano, Donald Trump, que prometeu viajar à Flórida "muito em breve", aprovou a declaração de catástrofe natural, que permite desbloquear fundos federais de ajuda aos afetados.

O custo estimado dos danos foi revisado para baixo nesta segunda-feira, passando de cerca de 100 bilhões de dólares para entre 20 e 40 bilhões de dólares, após o furacão mudar de trajetória sem impactar diretamente a rica costa leste da Flórida. "Nosso cenário catastrófico não se concretizou", disse o especialista na indústria de seguros Shahid Hamid.

Fortemente atingida durante 72 horas pelo vento, pelas chuvas e pelas marés de tempestade (elevação do mar associada ao fenômeno climático) de Irma, Cuba começou o árduo trabalho de quantificar danos e reabilitar sua danificada infraestrutura de serviços.

Irma foi o furacão mais letal sobre a ilha desde Dennis, em 2005. O impacto no turismo ainda não foi avaliado, mas a destruição que a tempestade deixou em sua passagem pode afetar gravemente uma economia que depende, em grande medida, dos quase três bilhões de dólares ao ano registrados pelo setor.

O Panamá iniciou a distribuição de pelo menos 90 toneladas de ajuda humanitária a Saint Martin - ilha devastada pelo furacão - e Cuba, enquanto a Venezuela - país que enfrenta uma grande crise econômica - enviou 30 toneladas de alimentos, água potável e outros produtos para Cuba e para várias ilhas do Caribe afetadas pelo Irma. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informou que avalia os danos em Cuba para enviar ajuda o mais rápido possível.