Os trabalhos de resgate prosseguem sem descanso na capital mexicana nesta quarta-feira (20/9), na esperança de resgatar com vida uma menina presa sob os escombros de uma escola, que ruiu com o violento terremoto da véspera, no qual morreram ao menos 225 pessoas.
[SAIBAMAIS]Em meio às ruínas da escola Rebsamen, onde morreram 21 crianças e cinco adultos, os socorristas conseguiram localizar com um escâner térmico uma menina viva sob os escombros. Até agora, 11 crianças e pelo menos uma professora foram retirados com vida da escola que desabou.
"Estamos muito, muito perto de pessoas que podem estar vivas. Estamos trabalhando com câmeras térmicas e unidades com cães", disse à AFP por telefone Pamela Díaz, padeira de 34 anos, que desde a terça-feira trabalha no resgate. Do total de mortos, 94 eram da Cidade do México, 71 do estado de Moreles, 43 de Puebla, 12 do estado do México, 4 de Guerrero e 1 de Oaxaca.
Busca dolorosa
Nas ruas da Cidade do México, dezenas de pessoas esperam, angustiadas, notícias de seus parentes ainda desaparecidos. No bairro Condesa, Karen Guzmán está sentada em uma banqueta, de costas para um dos prédios desabados porque não suporta ver os trabalhos de resgate de umas 30 pessoas que poderiam estar vivas sob os escombros.
Ao seu lado, há dois postes onde foram colocadas as listas de pessoas resgatadas atualizada de tempos em tempos, mas nelas não aparece o nome de seu irmão Juan Antonio Guzmán, de 43 anos, um contador que estava no último dos quatro andares do prédio de escritórios.
"Minha mãe o está procurando em hospitais porque não confiamos nestas listas. Às vezes acho que ninguém sabe nada", diz em um vai e vem de desesperança e raiva.
"Tem que estar vivo, eu sei que vão tirá-lo", acrescenta com um fio de voz. Muito perto dela, Marta Laura Hernández, de 39 anos, aguarda notícias do pai de seus três filhos, de 6, 7 e 13 anos.
"Um de seus colegas já me disse que viu que ele não conseguiu sair e que ficou preso junto com outras 50 ou 60 pessoas, me contou também que o edifício desabou quase no início do sismo, foi algo repentino", chega a dizer, antes de cair em prantos.
Enquanto os parentes vão e vêm entre vários hospitais, nas redes sociais se organizam brigadas de voluntários com bicicletas, motocicletas e a pé, que pedem donativos: máquinas para remover os grandes pedaços de cimento e remédios, de analgésicos a morfina e oxigênio.
Edifícios em ruínas
Na Cidade do México desabaram 39 edifícios, segundo o prefeito Miguel Ángel Mancera, que assegurou que salvo em uns cinco, onde se determinou que não há pessoas presas, os trabalhos de resgate permanecem.
O prefeito destacou que pelo menos 40 pessoas foram socorridas com vida de dois dos edifícios que ruíram e que umas 600 construções serão revisadas para verificar o estado de suas estruturas. Após o sismo de terça-feira, com 7,1 graus de magnitude, foram registradas várias réplicas.
"Se não se sentem seguros, a recomendação é não ficar na residência", advertiu Carlos Valdés, diretor do Centro Nacional de Prevenção de Desastres (Cenapred). As aulas foram suspensas até novo aviso, enquanto empresas e escritórios públicos trabalham com pessoal essencial.
A energia elétrica foi quase toda restabelecida na Cidade do México, assim como nos estados vizinhos de Morelos e Puebla, onde também prosseguem os trabalhos de resgate.
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Solidariedade internacional
Ao término da audiência geral desta quarta-feira no Vaticano, o papa Francisco manifestou sua solidariedade aos mexicanos. "Neste momento de dor, quero manifestar minha proximidade e oração a toda querida população mexicana", declarou Francisco, em espanhol.
A União Europeia também expressou suas condolências e ofereceu ajuda de emergência. Na Assembleia Geral da ONU, o chanceler mexicano, Luis Videgaray, tomou a palavra para agradecer e para informar que a ajuda internacional está a caminho. Chile e El Salvador enviaram os primeiros contingentes de socorristas. O México fica entre cinco placas tectônicas e é um dos países com maior atividade sísmica no mundo.
Em 7 de setembro, um terremoto de magnitude 8,1, o mais forte em um século no México, deixou 96 mortos e mais de 200 feridos no sul do país, especialmente nos estados de Oaxaca e Chiapas. Em 19 de setembro de 1985, a capital ficou parcialmente destruída por um terremoto de 8,1 graus que deixou mais de 10.000 mortos.