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Angela Merkel busca aliados após vitória apertada em eleições na Alemanha

A quarta vitória consecutiva de Merkel, que está no poder desde 2005, teve um gosto amargo


Dentro do AfD, no entanto, também existem divisões. Uma de suas líderes, Frauke Petry, há poucos meses uma das principais figuras do movimento, surpreendeu nesta segunda-feira ao anunciar que não vai integrar a bancada parlamentar do partido. Petry criticou um dos líderes do partido, Alexander Gauland, que logo depois das eleições declarou aberta a "caça" a Angela Merkel. O Conselho Central dos Judeus considera que a entrada no Parlamento do partido ; que deseja recuar no arrependimento ao nazismo ; é o "maior desafio democrático desde 1949" para o país.

Mas os problemas de Merkel não terminam com o AfD. Formar um governo será uma tarefa complicada. Os social-democratas do SPD, com seu pior resultado em muitos anos (20,5% dos votos), decidiram abandonar a coalizão que formavam com a chanceler e passar à oposição. Para conseguir maioria no Bundestag resta apenas uma solução: uma aliança, inédita até agora a nível nacional, entre os conservadores, os liberais do partido FDP (10,7%) e os Verdes (8,9%).

Esta coalizão, chamada pela imprensa de Jamaica (pelas cores dos partidos, as mesmas da bandeira jamaicana), só existe no pequeno estado de Schleswig-Holstein, norte da Alemanha. O problema é que o FDP e os Verdes têm muitos pontos de divergência em questões como a imigração, o futuro do diesel ou o abandono das energias fósseis.

O líder dos liberais, Christian Lindner, já estabeleceu uma condição para entrar no governo: a rejeição às ideias de reforma da zona do euro promovidas pelo presidente francês, Emmanuel Macron. Um orçamento comunitário comum constitui "uma linha vermelha", já que Berlim não deve pagar pelos déficits dos outros.

As negociações podem durar meses. Até hoje, desde as primeiras eleições do pós-guerra, em 1949, o partido vencedor sempre conseguiu formar maioria e Merkel já descartou a possibilidade de um governo minoritário. Se não conseguir formar uma nova coalizão, o governo pode convocar novas eleições.