Agência Estado
postado em 27/09/2017 09:28
Um tribunal da Tailândia sentenciou nesta quarta-feira (27/9) a ex-primeira-ministra foragida Yingluck Shinawatra a cinco anos de prisão. A decisão é tomada um mês após ela fugir do país, antes do bastante politizado veredicto.
O caso envolve o papel de Yingluck no monitoramento de um subsídio multibilionário ao arroz e era visto como muito ligado à decisão do Exército do país de derrubar o governo dela há três anos. No lugar dela ficou o comandante-em-chefe do Exército, Prayuth Chan-ocha. O governo militar posteriormente acusou a ex-premiê de ignorar os crescentes prejuízos com o subsídio, que atingiram mais de US$ 15 bilhões.
Yingluck poderia pegar até dez anos por negligência, mas o caso era visto no país como mais uma tentativa de neutralizar o apelo populista do irmão mais velho dela, o também ex-premiê Thaksin Shinawatra, deposto em um golpe em 2006.
Pessoas ligadas ao comando do país disseram que a chance de uma pena longa foi em parte uma estratégia para evitar grandes protestos e encorajar a saída dela do país, o que Thaksin também fez após ser processado por corrupção depois de ser deposto. Ele agora vive em Dubai e afirma ser inocente.
Yingluck em princípio decidiu lutar judicialmente e disse que o subsídio era uma política pública para ajudar a receita da população rural e estimular o crescimento nacional. A estratégia funcionou por um tempo, mas começou a fracassar quando a Índia voltou a exportar arroz e o Vietnã expandiu sua produção. A Tailândia passou do topo da lista dos exportadores para o terceiro lugar e o governo acabou com grandes estoques, que teve de vender com prejuízo.
A ex-premiê acabou fugindo do país antes da sentença e seu paradeiro é desconhecido. Diplomatas dizem em privado que, como no caso de Thaksin, é difícil que qualquer país extradite Yingluck, já que a Tailândia segue sob uma ditadura militar.