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Alemanha adota sem alarde casamento homossexual

As primeiras bodas serão realizada em um clima pacífico, apesar da oposição da direita nacionalista da AdF, que obteve resultados históricos nas eleições legislativas

Agência France-Presse
postado em 29/09/2017 08:45
Atualmente, mais de 75% dos alemães são favoráveis ao casamento homossexual, segundo as pesquisasBerlim, Alemanha - "Senhores, podem trocar as alianças": a Alemanha se torna neste domingo o décimo quinto país europeu a permitir o casamento homossexual, lei aprovada por Angela Merkel após anos de oposição. No dia 1; de outubro entra em vigor de uma lei nesse sentido promulgada em julho passado.

E neste domingo, recorrendo a essa fórmula para os homossexuais, várias prefeituras do país celebrarão suas primeiras uniões. Embora no domingo seja feriado, várias prefeituras como as de Berlim, Hamburgo e Frankfurt permanecerão abertas para a ocasião.

"É um dia que deve ser celebrado à altura de sua importância", afirmou Knut Mildner-Spindler, vice-prefeito de Friedrichshain-Kreuzberg, bairro da moda da capital alemã. Em Berlim, Bodo Mende e Karl Kreile, casal gay que ficou famoso por ter sido o primeiro a fazer um contrato de união civil, também serão os primeiros a se casar.

[SAIBAMAIS]As primeiras bodas serão realizada em um clima pacífico, apesar da oposição da direita nacionalista da AdF, que obteve resultados históricos nas eleições legislativas. O partido é atualmente codirigido por uma lésbica militante, Alice Weidel, mãe de dois filhos adotados.

Alemanha se soma à Europa
"Finalmente, nosso país se soma ao resto da Europa", comemora Joerg Steinert, da Associação de Gays e Lésbicas, que considera a "medida muito simbólica". A lei sobre casamento homossexual votada em 30 de junho modificou o Código Civil ao definir o matrimônio como uma "união entre duas pessoas, de sexo diferente ou idênticos".

Concretamente, os casais homossexuais que desejam oficializar sua união se beneficiarão dos mesmos direitos que os casais heterossexuais: em termos de impostos, mas sobretudo com a possibilidade de adotar filhos. A mudança legislativa é o resultado de longos anos de combate da comunidade LGTB.

Respaldada principalmente pelos Verdes, a Associação alemã de gays militava desde 1990 em favor do casamento homossexual. "Ganhamos uma batalha em 2001 com a aprovação da união civil contra a posição da Igreja protestante, abrindo uma primeira brecha na instituição matrimonial", disse Steinert.

Nos anos seguintes, as diferenças tributárias entre casais com união civil e as casadas foram se atenuando. Atualmente, mais de 75% dos alemães são favoráveis ao casamento homossexual, segundo as pesquisas. Entretanto, as opiniões não são unânimes. Durante muito tempo, Angela Merkel adiou a decisão para não se opôr à ala mais conservadora de sua formação política, o partido social-cristão bávaro CSU, muito apegado a valores familiares tradicionais.

Merkel ambígua
"Paradoxalmente, foi a religião que abriu caminha para o avanço atual: sem o apoio da Igreja protestante, que há anos já havia decidido celebrar casamentos homossexuais religiosos em algumas regiões, (o processo) poderia ter sido mais longo", avalia Steinert. Foi a proximidade das eleições legislativas de setembro o que precipitou a aprovação do casamento homossexual.

Inicialmente oposta a essa lei, Angela Merkel surpreendeu em junho passado ao autorizar a seus deputados a pronunciar-se em função de suas próprias convicções, tirando de seus rivais social-democratas a possibilidade de usar o tema como arma eleitoral.

Dias mais tarde, os representantes de esquerda social-democratas, ecologistas e a esquerda radical tomaram-lhe a palavra e submeteram à votação um projeto de lei sobre casamento homossexual que estava bloqueado no Parlamento desde há anos.

O texto foi aprovado por ampla maioria, com o respaldo de uma parte dos representantes conservadores também partidários da medida. Merkel votou contra, explicando que para ela, "o matrimônio é, segundo a nossa Constituição, a união de um homem e uma mulher".

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