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EUA retiram metade do pessoal diplomático em Cuba e tensão aumenta

Em um comunicado oficial, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, garantiu que o governo dos Estados Unidos vai manter as relações com Cuba, mas espera que os caso seja investigado em profundidade

Agência France-Presse
postado em 29/09/2017 15:06

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (29/9) sua decisão de retirar mais da metade do pessoal de sua embaixada em Havana, em razão de "ataques específicos", elevando a tensão com Cuba.

[SAIBAMAIS]Em um comunicado oficial, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, garantiu que o governo dos Estados Unidos vai manter as relações com Cuba, mas espera que os caso seja investigado em profundidade.

De acordo com denúncias, no último ano, 21 diplomatas americanos sofreram sintomas que variaram de dores de cabeça a edemas cerebrais devido a "ataques específicos" aparentemente com dispositivos acústicos ou ultrassônicos, que permanecem misteriosos.

Segundo Tillerson, somente o pessoal indispensável permanecerá na embaixada "até que o governo de Cuba possa garantir a segurança de nossos diplomatas".

Em consequência, a embaixada na capital cubana suspendeu a emissão de vistos para os Estados Unidos "por tempo indeterminado", embora o departamento de Estado elabore mecanismos para que os cubanos possam solicitar os documentos em outros países.

Entre os poucos serviços que a embaixada continuará a oferecer está a eventual atenção aos cidadãos americanos atingidos pelas inundações provocadas pelo furacão Irma.

Cuba considerou precipitada a decisão americana.

"Consideramos que a decisão americana anunciada hoje pelo governo dos Estados Unidos através do Departamento de Estado é precipitada e vai afetar as relações bilaterais", declarou a diretora para os Estados Unidos da Chancelaria cubana, Josefina Vidal.

"Não viagem para Cuba"

Além disso, o Departamento de Estado emitiu um alerta de viagens, recomendando os cidadãos americanos que evitem viajar a Cuba, ante o risco de ataques.

O alerta indica que Washington e Havana não foram capazes até o momento de identificar os responsáveis pelos "ataques específicos", mas aponta que "o governo de Cuba é responsável por adotar as medidas apropriadas para evitar incidentes semelhantes".

Até essa sexta-feira, o governo americano referia-se a esses casos como "incidentes".

Hoje, as autoridades disseram que os 21 diplomatas (não identificados) sofreram esses "ataques específicos" em residências diplomáticas e hotéis em Cuba, embora não haja informações sobre outras pessoas que apresentaram os mesmos sintomas.

Precisamente porque os "ataques" ocorreram em hotéis, "acreditamos que devemos alertar nossos cidadãos para que não viajem para Cuba", explicou um dos funcionários do Departamento de Estado.

O Departamento, acrescentou a fonte, ainda não conhece "o significado, a mensagem ou como esses ataques foram realizados".

O governo cubano exclui qualquer envolvimento.

"Mantemos nossas relações com Cuba e nosso trabalho continua sendo guiado pela segurança nacional e os interesses de política externa dos Estados Unidos", ressaltou o chefe da diplomacia americana.

Tillerson afirmou que Cuba "cooperará para investigar esses ataques".

"Vamos continua investigando agressivamente estes incidentes até que o assunto seja resolvido", garantiu.
- Novo pico de tensões -

As medidas drásticas são adotadas três dias após uma reunião em Washington entre Rex Tillerson e o chanceler cubano Bruno Rodriguez para discutir precisamente os estranhos incidentes.

Trata-se do episódio mais grave nas relações diplomáticas entre Washington e Havana, que foram restabelecidas em 2014 após meio século de ruptura mútua e desconfiança.

O senador Patrick Leahy, que desempenhou um papel central na aproximação entre os dois antigos adversários, afirmou que "quem quer que esteja fazendo isso está obviamente tentando perturbar o processo de normalização" das relações.

Na reunião de terça-feira, o chanceler cubano disse a Tillerson que esperava que o episódio não fosse "politizado", e que, pelo contrário, permitisse a cooperação entre os dois países na investigação do ocorrido.

O Departamento de Estado americano afirma que os ataques provocaram nos afetados surdez temporária, fadiga, problemas de concentração, dificuldades para dormir e enjoos.

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