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Catalunha gera 'preocupação máxima' de empresários e queda na Bolsa

O "Cercle d'Economia", Círculo da Economia, uma importante organização patronal catalã, compartilhou em um comunicado sua "preocupação máxima diante da possibilidade de uma declaração unilateral de independência"

Os grandes empresários da Catalunha expressaram, nesta quarta-feira (4/10), "sua preocupação máxima" com a possível declaração de independência da região espanhola. Essa possibilidade derrubou a Bolsa de Madri abaixo dos 10.000 pontos.

[SAIBAMAIS]O "Cercle d;Economia", Círculo da Economia, uma importante organização patronal catalã, compartilhou em um comunicado sua "preocupação máxima diante da possibilidade de uma declaração unilateral de independência".

"Esta declaração colocaria o país em uma situação extraordinariamente complexa e de consequências desconhecidas, mas, em qualquer caso, muito graves", alertou a organização que reúne diversos grandes empresários, como os presidentes do CaixaBank e do Banco de Sabadell, assim como da perfumaria Puig, proprietária de Nina Ricci e Jean-Paul Gaultier.

Ao mesmo tempo, a organização avaliou que "a violência vivida no dia 1; de outubro é inexplicável, não tem justificativa e deteriorou nosso marco de convivência", em referência aos ataques policiais aos centros de votação no dia do referendo proibido.

A tensão provoca "um notável dano à gestão dos assuntos correntes e à manutenção da recuperação econômica e do emprego", resume.

O presidente do Banco Sabadell, segundo maior da Catalunha, fez na terça-feira uma alusão velada à possibilidade de migrar com sua sede social para fora da região separatista, em caso de independência e de saída da União Europeia - algo que poderia lhe fazer perder sua fonte de financiamento, o Banco Central Europeu.

"Posso lhes garantir que o banco, se fosse necessário, tomaria as medidas suficientes, e que conta com os instrumentos adequados para proteger os interesses dos nossos clientes, no marco da União Europeia e do sistema de supervisão bancária europeia", disse Josep Oliu, durante a entrega de um prêmio da Fundación Sabadell.

"As decisões operacionais foram tomadas e sempre serão tomadas seguindo critérios econômicos, comerciais, ou regulatórios", completou.

Bolsa em queda

A empresa de biotecnologia catalã Oryzon anunciou nesta terça à noite a migração de sua sede social de Barcelona para Madri, e os investidores recompensaram esta decisão impulsionando suas ações. Os papéis tiveram uma alta de cerca de 20% nesta quarta.

Essa não era, contudo, a tendência geral.

O principal índice da Bolsa de Madri, o Ibex-35, recuou 2,85% e ficou abaixo dos 10.000 pontos, a 9.964,9.

As ações dos dois bancos catalães foram particularmente afetadas: CaixaBank e Banco de Sabadell perderam 5,56% e 5,36%, respectivamente.

Os papéis do Santander, o principal banco espanhol, tiveram queda de 4%, e os do segundo, o BBVA, 3,61%, a 7,18 euros.

"A grave situação que está sendo vivida na Espanha por conta do desafio separatista catalão está levando os investidores internacionais a desfazerem negócios, tanto em renda fixa, como na Bolsa", resumiram analistas da Renta 4.

Apesar do quadro, o ministro de Economia espanhol, Luis Guindos, buscou passar uma mensagem tranquilizadora: "os bancos catalães são bancos espanhóis e europeus e não têm nada a temer".

"Estamos vivendo tempos de muito ruído, muita confusão, mas os dados atuais mostram que, por ora, a evolução da economia catalã é positiva", afirmou.

Região mais rica da Espanha, ao lado de Madri, a Catalunha se destaca pelo turismo e pela indústria exportadora e é responsável por 19% do PIB espanhol.