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Puigdemont acusa rei de ignorar deliberadamente milhões de catalães

"Assim não", respondeu diretamente Puigdemont ao rei Felipe VI, que em mensagem institucional de terça-feira acusou de "deslealdade" aos líderes catalães que organizaram um referendo de autodeterminação proibido pela justiça

Agência France-Presse
postado em 04/10/2017 18:00

O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, acusou na noite da quarta-feira o rei da Espanha de ignorar "deliberadamente milhões de catalães" separatistas em seu discurso solene, proferido na véspera.

[SAIBAMAIS]"Assim não", respondeu diretamente Puigdemont ao rei Felipe VI, que em mensagem institucional de terça-feira acusou de "deslealdade" aos líderes catalães que organizaram um referendo de autodeterminação proibido pela justiça.

"O rei perdeu ontem uma oportunidade de dirigir-se a todos os cidadãos a quem deve Coroa", disse Puigdemont.

"O rei faz seu o discurso e as políticas do governo de Mariano Rajoy, que têm sido catastróficas com relação à Catalunha, e ignora deliberadamente milhões de catalães que não pensamos como eles", afirmou Puigdemont.

"Não podemos nem compartilhar, nem aceitar" essa mensagem do rei, na qual ele pede que se "defenda a ordem constitucional" sem fazer menção aos feridos pelas forças policiais durante o referendo, ressaltou Puigdemont.

"Você decepcionou muita gente na Catalunha" que esperava "outro tom e outro pedido de diálogo e concórdia", disse.

Puigdemont qualificou de "grave irresponsabilidade" o fato de o Estado espanhol não ter respondido sua proposta de uma mediação internacional para solucionar a crise na Espanha.

Desde o referendo do domingo, realizado por líderes catalães apesar da proibição da justiça, as posições entre Barcelona e o governo central de Rajoy têm se distanciado cada vez mais.

Puigdemont é esperado na segunda-feira que vem no parlamento catalão para avaliar os resultados do referendo em uma sessão que pode até mesmo culminar com uma declaração unilateral de independência, segundo uma fonte do governo regional.

O governo central, por sua vez, não descarta suspender a autonomia da região.

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