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Independência da Catalunha esbarra no medo dos grandes bancos

Os acontecimentos aceleraram desde domingo, com o referendo de independência inconstitucional, no qual mais de 90% dos eleitores, segundo o governo catalão de Carles Puigdemont, pronunciaram-se a favor de uma ruptura com a Espanha


A agência de classificação financeira Standard and Poor;s (S) colocou a nota da Catalunha sob vigilância negativa nesta quarta-feira (5), em consequência da escalada de confronto entre os separatistas catalães e o governo espanhol.

Os separatistas aglutinam diferentes atitudes em relação à economia: do partido de extrema-esquerda antissistema CUP à coalizão de centro-esquerda "Junts pel Sí", mais receptiva ao mundo empresarial e com muitos vínculos com o mundo dos negócios.

Puigdemont não fez referência à economia em seu discurso de quarta-feira à noite, mas tampouco deu sinais de abandonar o objetivo da independência ao declarar: "Hoje estamos mais perto do que ontem do nosso desejo histórico".

Mas para Esteban González Pons, eurodeputado do Partido Popular e figura relevante no partido do primeiro-ministro Mariano Rajoy, o impacto econômico da crise deixou Puigdemont com medo. De acordo com o jornal catalão "La Vanguardia", os empresários fizeram um "alerta" ao presidente catalão, que insiste em uma mediação internacional para a crise. Essa opção é rejeitada por Madri com veemência.

O governo catalão depende do financiamento de Madri para enfrentar gastos correntes e, embora a S acredite que a Catalunha permanecerá como parte da Espanha, "não descarta" um enfraquecimento da cooperação financeira entre os dois governos. A Catalunha representa 19% do PIB espanhol e disputa com Madri o posto de região mais rica da Espanha, mas é de longe a maior área exportadora do país.

O peso da dívida é um dos pontos fracos da Catalunha, já que representa 35,4% de seu PIB, o que significa que é a terceira região mais endividada da Espanha em termos relativos. Em valor absoluto, a Catalunha lidera, com uma dívida de 76,7 bilhões de euros no fim de junho.

Com a advertência de que pode alterar a nota (B%2b/B) da Catalunha nos próximos três meses, a SP Global Ratings explica, em um comunicado, que existe o risco de que "a escalada prejudique a coordenação e a comunicação entre os dois governos, que são essenciais para a capacidade da Catalunha de reembolsar plenamente sua dívida no prazo".