[SAIBAMAIS]As discussões, lançadas em agosto para modernizar o acordo vigente entre os Estados Unidos, México e Canadá há 23 anos, coincidem com a visita à Casa Branca do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, que se reunirá à tarde com o presidente Trump.
A reunião acontece em meio a tensões pelo conflito entre a construtora aeronáutica canadense Bombardier e a americana Boeing, sua concorrente. Na última rodada de discussões, o Canadá criticou a decisão do departamento de Comércio americano de impor uma taxação de 220% aos aviões CSeries da Bombardier, acusada pela Boeing de obter subsídios públicos e de vender com prejuízo.
Em resposta, Ottawa ameaçou cancelar um pedido bilionário de 18 aeronaves Super Hornet da Boeing.
Trudeau, que no final da semana planeja visitar o presidente do México, Enrique Peña Nieto, anunciou no Twitter que "há muito trabalho à frente" com seus aliados sobre comércio, emprego, igualdade de gênero e "crescimento de nossas economias".
Os Estados Unidos são o destino de três quartos das exportações do Canadá, e de 80% das exportações do México, mas as relações trilaterais foram manchadas pelo discurso protecionista de Trump, o que deu origem à renegociação do Nafta.
Fim do capítulo de competências
"Eu acho que o Nafta terá que ser encerrado, se for para torná-lo bom. Fora disso, acredito que não é possível negociar um bom acordo", disse o presidente à revista Forbes.
"Eu gosto de acordos bilaterais", resumiu.
A quarta rodada de negociações foi aberta em Arlington, subúrbio de Washington, com o objetivo de cobrir "mais de duas dezenas de temas", disse nesta quarta Robert Lighthizer, representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) e negociador-chefe americano.
"Espero vários dias de trabalho duro", disse, anunciando num comunicado o encerramento do capítulo sobre concorrência, que, segundo explicou, "atualiza substancialmente" o anterior, com "maior equidade processual" e mais "transparência".
"Aqui, o importante é destacar que vamos tratar de conseguir uma renegociação que sirva para todos", disse o ministro de Economia mexicano Ildefonso Guajardo à emissora Imagen Radio.
Ele também chamou a atenção para a postura do influente lobby empresarial dos Estados Unidos, que nesta terça se declarou disposto a lutar "como nunca" para proteger o Nafta das propostas "desnecessárias e inaceitáveis" de Trump.
Diante de empresários mexicanos, Tom Donohue, presidente da US Chamber of Commerce, a maior organização empresarial dos Estados Unidos, criticou a negociação de Washington.
"Chegamos a um momento crítico e a Câmara não tem outra opção que não ligar os alarmes", disse Donohue em discurso. "Há várias propostas ainda na mesa que podem condenar o tratado inteiro", afirmou.