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FMI pede à América Latina para 'frear corrupção'

A tolerância com o uso indevido de recursos públicos parece diminuir na região, em especial depois de a construtora brasileira Odebrecht confessar ter pagado subornos em diversos países para obter contratos de obras públicas

A América Latina e o Caribe devem "frear a corrupção" para impulsionar o crescimento e torná-lo "sustentável e inclusivo" - disse o o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta sexta-feira (13/10), considerando o combate a esse flagelo uma das "reformas estruturais necessárias" na região.

"A gestão de governo deficiente e a corrupção arraigada são obstáculos para o crescimento inclusivo e sustentável na América Latina e no Caribe", indicou o organismo em um documento apresentado durante a reunião anual do FMI e do Banco Mundial em Washington.

[SAIBAMAIS]"Em vista do crescimento do mal-estar público, agora, a América Latina tem diante de si uma oportunidade de combater a corrupção", enfatizou.

Em seu último informe "Perspectivas Econômicas: as Américas", o FMI destacou a recuperação "gradual" da região, com o fim da recessão em vários países, e pediu para se "acelerar a execução de reformas estruturais necessárias".

A entidade incluiu o combate à corrupção na lista de "prioridades" para garantir a expansão econômica.

"A corrupção é inerentemente difícil de quantificar, mas há vários indicadores de corrupção que mostram uma alta correlação positiva entre si e uma correlação negativa com o grau de desenvolvimento. Além disso, um nível maior de corrupção tende a andar em paralelo com a desigualdade", disse.

Apesar de as condições na América Latina e no Caribe parecerem "similares" às de outras economias de mercados emergentes, são "muito piores" do que as economias avançadas, apontou.

O FMI não deu uma fórmula única para resolver esse problema, mas indicou elementos de uma "estratégia eficaz": "liderança política sólida, reformas jurídicas e judiciárias, reforço da transparência e da prestação de contas e, em particular, formas mais estritas de supervisão e de imposição do cumprimento de normas".

Risco em Brasil, Peru, Guatemala

A tolerância com o uso indevido de recursos públicos parece diminuir na região, em especial depois de a construtora brasileira Odebrecht confessar ter pagado subornos em diversos países para obter contratos de obras públicas.

Ainda sob investigação, a Odebrecht deflagrou um terremoto político que estremeceu o alto escalão do poder dentro e fora do Brasil.

O FMI indicou o caso da Odebrecht especificamente como uma das razões para a desaceleração da economia do Peru no primeiro semestre de 2017 e alertou que a atividade poderia ficar ainda mais prejudicada no futuro por esse escândalo.

O Fundo também destacou o assunto da corrupção como um problema no Brasil, onde "os esforços contínuos para melhorar a gestão do governo de governo, e o Estado de direito ajudariam a frear" esse flagelo, "o que apoiaria a confiança das empresas e incentivaria o investimento".

O FMI também destacou a necessidade de acabar com a corrupção da América Central, associada a uma fraqueza do Estado de direito e à gestão de governo, os quais contribuem para um baixo rendimento do investimento.

"Na América Central, para promover o crescimento potencial e torná-lo mais inclusivo, é necessário reduzir a corrupção e reforçar o Estado de direito, dando ao mesmo tempo um novo impulso a reformas estruturais e a programas de desenvolvimento social", disse a instituição.

Em particular, o Fundo destacou o caso da Guatemala. Em 2015, seu então presidente, Otto Pérez, foi forçado a renunciar. Agora, seu sucessor, Jimmy Morales, é acusado de financiamento ilegal da campanha.

Além do combate à corrupção, o FMI pediu avanços em infraestrutura, investimento em capital humano, fomento à participação da mulher no mercado de trabalho, redução da informalidade no mercado de trabalho e um aprofundamento da integração nos âmbitos do comércio e das finanças.