Kurz, que provocou as eleições antecipadas ao acabar com a coalizão de uma década com os social-democratas do chanceler Christian Kern, parece ter vencido a sua aposta.
O Partido Popular Austríaco (;VP) de Kurz obteve 30,2% dos votos, segundo as projeções feitas pela televisão pública, superando o ultradireitista Partido da Liberdade da Áustria (FP;, 26,8%), cujo líder, Heinz-Christian Strache, se perfila como uma figura chave para a formação do governo.
Os social-democratas do SP;, de Kern, que venceu as eleições de 2013, aparece com 26,3% dos votos.
Kurz não descartou nenhuma possibilidade, mas uma coalizão com a extrema-direita do FP; parece a alternativa mais provável.
Em 2000, a entrada do FP; no governo, em coalizão com o chanceler conservador Wolfgang Schüssel, provocou uma grande consternação na Europa e a adoção de sanções da UE contra Viena.
Mas no atual contexto de avanço dos partidos populistas e anti-imigração em vários países europeus parece pouco provável que se repita esta reação, apesar das consequências possíveis a uma aliança entre Kurz e Strache.
O FP;, que defende uma aproximação ao grupo Visegrado - Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia -, que mantém divergências com a UE em várias questões, poderia modificar a postura pró-Europa da Áustria.
Em uma Áustria próspera, mas preocupada com a crise migratória, Kurz soube mobilizar o eleitorado conservador com uma imagem de modernidade, um discurso firme sobre a imigração e com promessas de cortes fiscais.
Em 2015, o atual ministro das Relações Exteriores foi uma das primeiras autoridades europeias a criticar a política de recepção dos migrantes da chanceler alemã Angela Merkel. Também se orgulha de afirmar que conseguiu o fechamento da chamada "Rota dos Bálcãs".
Ele passou a endurecer o discurso e defende a redução das ajudas sociais aos estrangeiros, medida que levou o FP; a acusá-lo de "plagiar" seu programa.
Se Kurz conseguir formar uma coalizão, ele será o governante mais jovem da Europa, superando o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar (38 anos) e o presidente francês Emmanuel Macron (39).
Kurz, chamado de "Wunderwuzzi" (menino prodígio), provocou uma grande sensação em maio ao assumir a liderança de um partido em crise e provocar as eleições antecipadas.
Favorito desde o início, o jovem não cometeu nenhum erro durante a campanha.
Na eleição presidencial do ano passado, os social-democratas e os conservadores do ;VP, que compartilhavam o poder desde a guerra, foram derrotados, de maneira inédita, no primeiro turno.
O candidato de extrema-direita Norbert Hofer perdeu por pequena margem no segundo turno para o ecologista liberal Alexander Van der Bellen.
Strache, que obteve neste domingo um resultado histórico similar ao que seu mentor J;rg Haider conseguiu em 1999, já afirmou que exigirá vários ministérios para seu partido caso integre a coalizão de governo, incluindo as pastas do Interior e das Relações Exteriores.