O negociador britânico do Brexit, ministro David Davis, acusou nesta terça-feira (17/10) a União Europeia de jogar com o tempo das negociações para obter "mais dinheiro" do Reino Unido, uma acusação rechaçada por seu contraparte europeu, Michel Barnier.
"Jogam com o tempo para ver se conseguem obter mais dinheiro de nós e, sinceramente, é o que acontece. É evidente para todo mundo", declarou Davis a deputados britânicos.
[SAIBAMAIS]Em Luxemburgo, Barnier refutou as palavras do britânico, ao explicar que a UE esperou um ano para que Londres notificasse a decisão adotada pelos britânicos em referendo e que passassem as legislativas britânicas semanas depois de iniciar a negociações.
"Sinceramente, vejam o calendário, a UE não atrasa nada", informou o negociador europeu, lembrando que estão "dispostos inclusive a acelerar as negociações desde que se respeitem as etapas".
O governo britânico pressiona seus 27 parceiros para começar a discutir já um eventual período de transição após sua saída efetiva do bloco no final de março de 2019, assim como o novo marco de relações entre ambos, inclusive um acordo de livre comércio.
Mas os 27 países restantes do bloco querem solucionar primeiro o passado ou, na linguagem de Bruxelas, "as prioridades do divórcio": a conta a pagar por Londres por sua saída, a situação dos direitos dos cidadãos após o Brexit e a questão da Irlanda do Norte.
"Isso levará tempo, mas estou certo de que chegaremos a obter um resultado satisfatório para todo o mundo", acrescentou o negociador britânico, que reiterou a posição de Londres de que os avanços necessários na questão da conta "só podem chegar mais tarde".
Davis pediu, assim, para passar à segunda fase, já que, em sua opinião, foram alcançados os "limites" que se podiam alcançar nas negociações atuais.
Do outro lado do Canal da Mancha, Barnier, que participou de uma reunião de ministros europeus dedicada ao Brexit, advertiu que para acelerar o processo "são necessários dois".
Sem "progressos suficientes" nas prioridades do divórcio, os europeus não abrirão a porta a negociar a futura relação. Essa confirmação poderia chegar finalmente em dezembro e não na cúpula europeia desta semana, que era o objetivo inicial.
Apesar de que no esboço de conclusões os mandatários dos 27 países restantes da UE tenham adiado a decisão para dezembro, Davis esperou que estes deem a Barnier "um mandato para aproveitar o impulso e o espírito de cooperação que prevalece atualmente".