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EUA: governo palestino de unidade deve reconhecer Israel e desarmar Hamas

O Hamas rebateu a declaração de imediato e rejeitou uma "ingerência flagrante" dos Estados Unidos nos assuntos palestinos, sem afirmar, diretamente, se pretende atender a essas demandas


Bassem Naim, funcionário de alto escalão do Hamas, condenou o comunicado de Greenblatt e acusou os Estados Unidos de adotarem as posições do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "É uma ingerência flagrante nos assuntos palestinos. Nosso povo tem o direito de eleger seu próprio governo em função de seus interesses estratégicos", disse Naim à AFP.

As duas principais formações palestinas - o Fatah, laico e moderado, e o Hamas - entraram em um acordo na semana passada para que a Autoridade Palestina, internacionalmente reconhecida e que deve constituir a base para um futuro Estado palestino, assuma até 1; de dezembro a gestão da Faixa de Gaza. Foi expulsa de lá em 2007 pelo Hamas.

Desde então, a Autoridade Palestina, dominada pelo Fatah, exerce apenas um controle limitado na Cisjordânia ocupada. As autoridades palestinas disseram querer negociar a formação de um governo de unidade. Um novo encontro entre os diferentes movimentos palestinos está previsto para 21 de novembro.

Trata-se da enésima tentativa de reconciliação, motivo pelo qual o ceticismo é grande. Na última vez, em 2014, ano da última guerra entre Hamas e Israel, os esforços fracassaram. Os palestinos haviam constituído um governo formado por tecnocratas não afiliados oficialmente aos dois partidos.

O retorno da Autoridade Palestina a Gaza é uma "peça central do quebra-cabeças da paz", disse ontem o subsecretário de Assuntos Políticos da ONU, Miroslav Jenca, lembrando que o Quarteto considera as divisões palestinas "um dos principais obstáculos" para uma solução com dois Estados.

Nesse contexto, o Hamas está cada vez mais isolado, e as condições humanitárias se deterioraram na Faixa de Gaza nos últimos meses, incluindo cortes de energia. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, impôs uma série de sanções à Faixa de Gaza para pressionar o Hamas, como deixar de pagar o fornecimento de energia provido por Israel.

O Hamas recorreu, então, ao Egito, na esperança de que abrisse a passagem de Rafah. Em resposta, as autoridades egípcias pressionaram o movimento a se reconciliar com o Fatah. Um dos temas ainda à espera de solução é o da segurança em Gaza e o futuro do braço armado do Hamas, com cerca de 25 mil homens armados.