Agência France-Presse
postado em 21/10/2017 09:36
Cairo, Egito - Pelo menos 35 policiais egípcios foram mortos em uma emboscada de rebeldes islamitas no deserto, 200 km a sudoeste do Cairo, num dos piores ataques desde o lançamento, em 2013, de uma série de atentados extremistas contra as forças de segurança. Fontes médicas e dos serviços de segurança confirmaram que esse saldo pode aumentar.
O ataque aconteceu quando o presidente Abdel Fattah al-Sissi se preparava para assistir neste sábado às comemorações do 75; aniversário da batalha de El Alamein, que marcou uma vitória decisiva para os aliados contra as forças fascistas na Segunda Guerra Mundial.
O chefe de Estado manteve seu deslocamento para esta cidade do norte, mas anulou outros compromissos do dia, indicou a presidência à AFP. Esta manhã, no acesso à área onde os confrontos ocorreram no dia anterior, dois motoristas disseram à AFP que as forças de segurança estavam presentes de forma massiva e que "aviões militares sobrevoavam a área", localizada a menos de 200 km do Cairo.
O ministério do Interior informou que um grupo de agentes, que estavam à procura de islamitas na região, foi atacado na sexta-feira à noite na estrada que conduz ao oásis de Bahariya. Este oásis já foi um famoso destino turístico.
[SAIBAMAIS]Vários "terroristas" responsáveis %u200B%u200Bpelo ataque foram mortos nos confrontos, disse o ministério, sem especificar o número de óbitos. De acordo com uma fonte próxima à investigação, o comboio foi alvo de disparos de foguetes. Os agressores também usaram dispositivos explosivos. O ataque ainda não foi reivindicado. Uma falsa comunicação em nome do pequeno grupo extremista Hasm circulou nas redes sociais, mas a conta no Twitter da organização está inativa desde o dia 2 de outubro.
Desde que as Forças Armadas destituíram, em 2013, o presidente Mohamed Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, os grupos extremistas têm multiplicado atentados contra militares e policiais. As autoridades no Cairo lutam especialmente contra o braço egípcio do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), autor de atentados no norte da Península do Sinai (leste do Egito). Centenas de soldados e policiais morreram nestes ataques.
Golpe contra as Forças Armadas
Na sexta-feira da semana passada, seis soldados egípcios pereceram nas mãos de "elementos terroristas" em um ataque no norte do Sinai. No mesmo dia, a facção egípcia do EI - "Província do Sinai" - reivindicou o assassinato de 14 soldados egípcios em um duplo ataque suicida perpetrado no dia anterior em uma base militar perto de Al Arish.
Em um dos atentados mais sangrentos, pelo menos 21 soldados morreram em um posto de controle de tráfego em 7 de julho. Por sua vez, Hasm reivindicou desde 2016 vários ataques contra policiais, oficiais e juízes no Cairo.
Sob o impacto de uma repressão severa, a Irmandade Muçulmana, um movimento poderoso que durante muito tempo foi a principal força de oposição no Egito, dividiu-se em várias tendências rivais, entre os partidários e os opositores da ação armada.
Diferente do Iraque ou da Síria, o EI no Egito não conseguiu entrar nos grandes centros urbanos, mas reivindicou vários ataques mortais contra igrejas coptas em dezembro de 2016 e abril de 2017.
No total, mais de uma centena de coptas morreram em três ataques no Cairo, Alexandria e Tanta (norte do Egito). Neste contexto, o presidente Sissi prorrogou por três meses, a partir de 12 de outubro e, pela segunda vez, o estado de emergência.
Neste sábado, Paris expressou sua "solidariedade às autoridades egípcias". "A França expressa seu pesar e sua plena solidariedade ao povo e às autoridades egípcias após os confrontos entre 20 e 21 de outubro no deserto ocidental", declarou o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, em um comunicado.