Agência France-Presse
postado em 21/10/2017 19:40
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, neste sábado (21/10), que está "refletindo" sobre sua decisão de nomear o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, como embaixador da boa vontade, após uma onda de críticas em nível mundial.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da agência de saúde da ONU, pediu ao autoritário líder zimbabuano de 93 anos que ajude na prevenção de problemas cardiovasculares e de asma na África.
A decisão causou incômodo entre os membros da OMS e ativistas, que apontaram que o sistema de saúde no Zimbábue, assim como outros serviços públicos, colapsaram durante o regime de Mugabe.
"Estou escutando. Ouço suas opiniões. Reflito à luz dos valores da OMS. Emitirei um comunicado o quanto antes", afirmou pelo Twitter Tedros, ex-ministro da Saúde etíope.
Os Estados Unidos criticaram duramente a nomeação, dizendo que esta "contradiz os ideais das Nações Unidas de respeito aos direitos humanos e à dignidade humana".
"O governo dos Estados Unidos sancionou o presidente Mugabe devido a crimes contra seu povo e à ameaça que ele representa para a paz e a estabilidade", disse o Departamento de Estado americano em um comunicado neste sábado.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou que a nomeação de Mugabe é "absolutamente inaceitável" e "ridícula".
"Quando eu ouvi falar da nomeação de Robert Mugabe, (...) com toda a franqueza, pensei que era uma piada de mau gosto", disse Trudeau neste sábado durante uma coletiva de imprensa.
"É absolutamente inaceitável e inconcebível que este indivíduo tenha um papel de embaixador da boa vontade para qualquer organização, e muito menos para a Organização Mundial da Saúde", acrescentou.
O Reino Unido se uniu neste sábado aos críticos ao afirmar que a decisão foi "surpreendente e incômoda, à luz das sanções atuais da UE e dos Estados Unidos contra" Mugabe.
Tedros assumiu o cargo em julho, tornando-se o primeiro africano a dirigir a poderosa OMS, e anunciou a nomeação de Mugabe esta semana no Uruguai.
Os organismos da ONU nomeiam com frequência figuras e personalidades mundiais como embaixadores da boa vontade, como é o caso da atriz Angelina Jolie na ACNUR.