Agência France-Presse
postado em 24/10/2017 08:37
Os Estados Unidos (EUA) anunciaram nessa segunda-feira (23/10) que estão considerando a possibilidade de adotar sanções contra Mianmar, especialmente seu aparelho militar, pela crise humanitária a que tem submetido os membros da minoria muçulmana rohingya. A informação é da Agência EFE.
"Expressamos nossa profunda preocupação pelos recentes acontecimentos ocorridos no estado de Rakhine e pelos abusos traumáticos e violentos que os rohingyas e outras comunidades sofreram", disse, em comunicado, o Departamento de Estado. "É imprescindível que quaisquer pessoas ou entidade responsável pelas atrocidades, incluindo agentes não estatais e grupos paramilitares, sejam responsabilizadas", acrescentou.
[SAIBAMAIS]Cerca de 600 mil membros da minoria rohingya, que Mianmar não reconhece como cidadãos, fugiram do país para Bangladesh nos últimos dois meses, quando ocorreu uma escalada da violência contra o grupo.
A crise aumentou no dia 25 de agosto, após o ataque de um grupo insurgente dessa comunidade muçulmana contra instalações policiais e militares em Rakhine. A resposta do Exército de Mianmar foi uma campanha de repressão que ainda continua.
O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos qualificou essa resposta como "limpeza étnica de manual" contra a minoria rohingya. Em seu comunicado, os EUA asseguraram que estudam ativar a Lei Magnitsky, que prevê a suspensão dos vistos e outros tipos de sanções para os responsáveis por violações dos direitos humanos em qualquer lugar do mundo.
O Departamento de Estado já retirou a ajuda americana às unidades militares de Rakhine, suspendeu isenções de vistos de militares e ex-militares de Mianmar e retirou convites aos comandantes militares para participar de atividades nos EUA. Além disso, os Estados Unidos estão "consultando seus aliados e parceiros sobre as opções para que Mianmar preste contas na ONU, no Conselho de Direitos Humanos e outros espaços pertinentes".
O ex-presidente Barack Obama suspendeu, semanas antes de deixar o poder, sanções governamentais contra Mianmar, citando um "substancial progresso na melhora dos direitos humanos", apesar de já existir uma campanha de perseguição contra os rohingyas.