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Congresso do Partido Comunista equipara Xi Jinping a Mao Tsé-Tung

Xi Jinping é o primeiro dirigente chinês desde Mao, que governou a China de 1949 até sua morte em 1976, a ver seu nome incluído nos estatutos quando ainda está no poder

Agência France-Presse
postado em 24/10/2017 10:29
Retrato pintado do presidente chinês Xi Jinping e do líder comunista Mao Zedong em um mercado em PequimPequim, China - O presidente Xi Jinping confirmou nesta terça-feira (24/10) o status de governante chinês mais poderoso em 40 anos, com a inclusão de seu nome nos estatutos do Partido Comunista da China (PCC), um símbolo que o coloca à altura do fundador do regime, Mao Tsé-Tung. Xi, 64 anos, líder do PCC desde o fim de 2012, receberá, sem dúvidas, na quarta-feira um novo mandato de cinco anos como secretário-geral, o cargo supremo na pirâmide do poder chinês.

"O pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para a nova era" aparece agora nos estatutos do PCC, o maior partido do mundo, e constitui um "guia de ação" para seus 89 milhões de integrantes.

Os 2.300 delegados do XIX congresso do PCC, que está em sessão desde a semana passada e nesta terça-feira organizou a eleição do novo comitê central, aprovaram por unanimidade a emenda que inclui o nome de Xi nos estatutos. Xi Jinping é o primeiro dirigente chinês desde Mao, que governou a China de 1949 até sua morte em 1976, a ver seu nome incluído nos estatutos quando ainda está no poder.

[SAIBAMAIS]Antes do anúncio, Willy Lam, professor de Política da Universidade Chinesa de Hong Kong, explicou que o status confere a Xi uma autoridade extraordinária. "Terá um status similar ao de Grande Timoneiro, que era o de Mao", completou Lam. "Isto permitiria ser como Mao, líder por toda a vida, enquanto conservar a saúde", disse o acadêmico.


O nome de Deng Xiaopoing, que sucedeu Mao no poder e estimulou nos anos 1980 as reformas que transformaram o país na segunda maior potência econômica mundial, foi incluído nos estatutos após sua morte. Os nomes dos dois antecessores de Xi Jinping, Jiang Zemin e Hu Jintao, não aparecem nos estatutos, mas a obra de ambos é mencionada.

Xi presidiu a sessão de encerramento do congresso, que durou uma semana. Um congressista que leu o anúncio afirmou que os conceitos apresentados serão "um farol para o trabalho do partido". As diretrizes enfatizam o papel central do partido no momento de dirigir todos os âmbitos da vida no país, de a economia até o que as pessoas escrevem e falam nas redes sociais.

Rejuvenescimento
"Temos que trabalhar sem descanso e seguir adiante na viagem para obter um renascimento da nação chinesa", afirmou Xi no discurso de encerramento. A agência oficial Xinhua informou que na quarta-feira serão anunciados os membros do comitê central permanente do PCC. Durante o congresso as autoridades mobilizaram um grande dispositivo de segurança, que incluiu o fechamento de áreas comerciais, de boates a arenas esportivas, com o objetivo de impedir qualquer incidente.

Também foram fechadas fábricas, em uma vã tentativa de conter a poluição. Na abertura do congresso, Xi prometeu "uma nova era" socialista para o país, traçando um panorama até 2050. Em seu discurso, Xi apresentou a imagem da China como uma grande potência próspera e respeitada até 2050.

Esta projeção sugere que o PCC continuará aumentando o controle que exerce sobre a sociedade, o que acaba com qualquer esperança de queda na repressão aos direitos humanos. Apesar do crescente poder de Xi Jinping, a composição do comitê central será crucial para seus planos.

Analistas esperam que Xi e o primeiro-ministro Li Keqiang permaneçam no comitê, enquanto os outros cinco membros poderiam sair da instância dirigente em consequência da regra não escrita que estabelece a idade máxima em 68 anos.

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