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Curdistão propõe a Bagdá congelar resultados do referendo de independência

A "unidade do Iraque" é fundamental para os aliados de Bagdá, incluindo os Estados Unidos. Com base na Constituição do país, o primeiro-ministro enviou as tropas para a região


As autoridades de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, rejeitavam em bloco qualquer condição prévia para iniciar um diálogo com Bagdá. Mas na terça-feira foram registrados confrontos entre as forças curdas e iraquianas ao norte, na fronteira com a Turquia, e o governo nacional afirmou que estava determinado a retomar todas as passagens de fronteira e terminais da região autônoma, sob controle dos combatentes curdos.

Nas últimas semanas, Bagdá retomou amplas faixas do território que eram controladas pelos combatentes curdos, em particular na província de Kirkuk. Em um comunicado publicado durante a noite, o governo curdo propôs ao "governo e à opinião pública iraquiana o congelamento dos resultados do referendo (...) e o início de um diálogo aberto entre o governo do Curdistão e o governo central com base na Constituição".

O texto também propõe um "cessar-fogo imediato e o fim das operações militares no Curdistão", depois que 30 combatentes curdos, membros as forças do governo e milicianos paramilitares iraquianos morreram nas operações em áreas de disputa, em particular em Kirkuk.

Ao perder os imensos campos de petróleo, o Curdistão viu afastada qualquer possibilidade de ter um Estado viável economicamente, afirmaram os analistas. A ONU, que já propôs um plano alternativo de negociações ao referendo, reiterou na terça-feira a proposta de diálogo entre Bagdá e Erbil.

O Parlamento curdo, em consequência da crise, adiou as eleições legislativas e presidencial previstas para o dia 1 de novembro. A oposição curda exige a renúncia do presidente do Curdistão, Masud Barzani, e um "governo de união nacional" para evitar ainda mais divisões na região.