Pequim ; O Partido Comunista da China (PCC) está com sua cúpula dirigente completa para os próximos cinco anos. Após reconduzir o presidente da República, Xi Jinping, para o cargo de secretário-geral, os 2.300 delegados ao 19; Congresso do PCC elegeram os 204 membros efetivos e os 172 suplentes do Comitê Central, de onde são selecionados os sete integrantes do todo-poderoso Comitê Permanente do Politburo. ;Todos os camaradas do partido devem, para sempre, respirar no mesmo ritmo, compartilhar o mesmo destino com o povo, coração com coração, e tomar para sempre a aspiração do povo por uma vida melhor como meta de luta;, discursou Xi.
;Assumo minha reeleição não apenas como uma aprovação ao meu trabalho, mas também com um estímulo para seguir avançando;, prosseguiu o líder, em pronunciamento exibido ao vivo pela tevê. Ele apareceu ao lado dos demais seis membros do Comitê Permanente (leia quadro), que detém o poder cotidiano. E a ausência de um nome que pudesse ser identificado como possível sucessor alimentou a impressão de que Xi, 64 anos, cogita driblar a regra não escrita dos dois antecessores, que cumpriram dois quinquênios. O presidente e secretário-geral também foi eleito para comandar a Comissão Militar Central, que controla as Forças Armadas.
Xi inicia o segundo mandato mais forte do que nunca, depois de ter inscrito o próprio nome nos estatutos do partido, como formulador de uma teoria política própria. O 19; Congresso acrescentou ao patrimônio ideológico do PCC o ;pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para a nova época;. Esse prestígio equipara o status de Xi ao de Mao Tse-tung, o ;Grande Timoneiro; que levou os comunistas ao poder, em 1949, e a Deng Xiaoping, sucessor de Mao e patrono das reformas econômicas iniciadas nos anos 1980.
Enquanto os observadores buscam indicações sobre um possível sucessor, ou sobre planos do líder para quebrar a escrita dos dois mandatos, ele apenas elogia as resoluções aprovadas pelos delegados. ;Acreditamos que todas as decisões e planos que o Congresso elaborou e todos os resultados que ele obteve desempenharão um papel muito importante para guiar e garantir o sucesso em nossos empreendimentos importantes;, disse Xi, no encerramento do discurso no Grande Salão do Povo.
O novo Comitê Central (CC) realizou ontem sua primeira reunião, um dia após o encerramento do encontro. O estatuto do partido define que cabe ao novo CC eleger o secretário-geral, o Politburo e a Comissão Permanente.
Toda a fala do líder reeleito reforça as propostas feitas por ele para emendar o estatuto do partido. ;Desde há muito temos estado unidos e temos liderado o povo e a nação chinesa a lutar incansável e determinadamente, alterando totalmente a situação trágica da velha China de ser submetida à humilhação, após a Guerra do Ópio, assim como a situação trágica da pobreza acumulada e da debilidade de nosso povo;, disse.
O presidente lembrou que a discussão dos novos rumos do partido não interessa apenas os chineses. ;Líderes, partidos políticos, organizações e personalidades de diversos setores de muitos países também enviaram mensagens para se congratular com o evento. O presidente do Congresso gostaria de apresentar os sinceros agradecimentos a todos eles.;
Por definição, o congresso do Partido Comunista da China se reúne a cada cinco anos. Segundo os integrantes do partido, o deste ano- foi realizado em um momento crucial, no qual o país ;está construindo uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, um momento importante para a implantação do socialismo com características chinesas;.
Conversa com Trump
Entre as mensagens de felicitações pela reeleição, Xi Jinping recebeu um telefonema do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que visitará a China no começo de novembro, como parte de uma viagem com escalas na Coreia do Sul e no Japão. A crise nuclear com a Coreia do Norte deve dominar a pauta dos encontros entre os líderes das duas maiores potências econômicas mundiais.
;Assumo minha reeleição não apenas como uma aprovação ao meu trabalho, mas também com um estímulo para seguir avançando;
Xi Jinping, presidente da China e secretário-geral do Partido Comunista
Os homens do presidente
Li KeqiangO primeiro-ministro chinês tem 62 anos, é doutor em economia e fluente em inglês. Quando assumiu a chefia do governo, em 2012, prometeu ambiciosas reformas estruturais, liberalização dos mercados e equidade para o capital externo. Mas Xi ofuscou a imagem do premiê.
Li Zhanshu
Diretor da influente divisão de Administração Geral, que gerencia os assuntos internos do partido, Li Zhanshu, 67, é muito próximo do presidente, com quem trabalha desde os anos 1980. Ele acompanha o líder regularmente nas viagens ao exterior.
Wang Yang
Um dos quatro vice-premiês, tem 62 anos e dirigiu o partido na rica província de Guangdong (sul), entre 2007 e 2012. Anunciou reformas e defendeu o mercado e os sindicatos. É considerado uma das vozes mais liberais no partido, contrariando a corrente estatista, identificada com o presidente.
Wang Huning
Jurista de 62 anos, é o principal teórico do PCC: ajudou na concepção das ;três representações;, do ex-presidente Jiang Zemin, e na da ;perspectiva científica do desenvolvimento;, de Hu Jintao, que sucedeu Jiang. Partidário de um poder central forte, deve ajudar a dar forma ao ;Pensamento Xi Jinping;.
Zhao Leji
Chefia desde 2012 o poderoso Departamento da Organização do partido, que determina as indicações para os quadros dirigentes. Zhao, 60, é próximo a Xi e acaba de ser nomeado para chefiar a Comissão de Inspeção Disciplinar, encarregada de conduzir a campanha contra a corrupção no PCC.
Han Zheng
Construiu a carreira em Xangai, capital econômica do país, e sobreviveu à queda, em 2006, de seu superior, Chen Liangyu, envolvido em corrupção. Prefeito da cidade por quase uma década, Han, 63, supervisionou as obras para a Exposição Universal de 2010 e assumiu a direção local do partido em 2012.
O jornalista viajou a convite da Embaixada da China