O papa Francisco conversou nesta quinta-feira durante 20 minutos com os seis astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), ocasião que aproveitou para discutir sobre qual seria "o lugar do Homem no universo". Também questionou como é viver em um ambiente "sem um acima nem um abaixo".
[SAIBAMAIS]"Bom dia, ou boa tarde não sei, porque quando se está no espaço, nunca se sabe", brincou Francisco, sentado em em uma sala do Vaticano e conectado via satélite com os seis astronautas no espaço. "A astronomia gera muitas interrogações, de onde viemos, para onde vamos?", comentou o Papa, para, em seguida, perguntar ao italiano Paolo Nespoli: "Qual seu pensamento sobre o Homem no universo?".
Nespoli, que se encontra no laboratório orbital junto a três colegas americanos e dois russos, confessou que se tratava de um tema complexo e que se sente apenas um simples engenheiro que tem pouco conhecimento diante de um universo tão imenso.
O Papa argentino é conhecido por fazer ligações inesperadas e sua conversa espacial foi feita em italiano e transmitida pelo Centro Televisivo do Vaticano. Essa é segunda vez na história que um Papa se comunica com pessoas no espaço, depois que seu antecessor, Bento XVI, fez a mesma coisa em abril de 2011.
Durante a conversa, o Papa também perguntou sobre o que mais faziam os astronautas se sentirem felizes no espaço. "Ver a Terra com os olhos de Deus", respondeu o comandante da missão, o americano Randolph Bresnik, ao descrever a beleza de "um universo sem fronteiras, em paz e sereno". "Nós nos danos conta de como somos frágeis", acrescentou.
Francisco citou então um verso de "A Divina Comédia", de Dante Aligihieri, para falar da força do amor que move o universo. "Nós aqui somos um exemplo para a humanidade", comentou outro astronauta americano, Joseph Acaba, ao mencionar a convivência entre pessoas de várias nacionalidades e profissões na estação espacial.
A tripulação também respondeu às perguntas papais apesar de um problema técnico que interrompeu temporariamente a entrevista e pela falta de um intérprete russo. Sobre a sensação de não ter um ponto de vista de referência, um acima ou um abaixo, o astronauta Acaba confessou que teve de criar seu próprio microcosmo, comum sistema muito pessoal.
"Isso é algo típico do ser humano, a capacidade de decidir. Acho interessante porque está nas raízes dos humanos", comentou pontífice. "Gostaria que pessoas como o senhor, teólogos, filósofos, poetas, escritores, viessem ao espaço para explorar o que significa ser um ser humano no espaço", afirmou Nespoli, enquanto Francisco assentia e sorria.
Ao término da conexão, o italiano, que fez as vezes de intérprete, agradeceu ao Papa por suas perguntas: "Agradeço por nos ter tirado da vida cotidiana mecânica para nos fazer pensar em algo maior do que nós mesmos", concluiu.