Agência France-Presse
postado em 03/11/2017 11:40
Deir Ezzor, Síria - O grupo Estado Islâmico (EI) perdeu todas as grandes cidades sob seu controle no Iraque e na Síria após a reconquista de Deir Ezzor pelo Exército sírio. Além disso, nesta sexta-feira (3/11), os jihadistas voltaram a perder terreno em seu último reduto no Iraque.
Entrincheirados em uma área entre o leste da Síria e o oeste do Iraque, os combatentes do EI enfrentam ofensivas em ambos os lados da fronteira. Nesta sexta-feira, as forças iraquianas anunciaram que os expulsaram de um importante posto de fronteira, Husseiba, que liga o Iraque à Síria naquela região.
[SAIBAMAIS]Um novo golpe para a organização ultrarradical, que perdeu na quinta-feira (2) a cidade de Deir Ezzor, no leste da Síria, para o Exército do regime sírio, apoiado por seus aliados russo e iraniano. A cidade "era a sede dos principais líderes da organização. Ao perder o seu controle, perderam a capacidade de dirigir operações terroristas conduzidas por seus homens", comemorou o comando do Exército sírio em um comunicado.
;Fase final;
"Deir Ezzor representa a fase final na eliminação total" do EI, acrescentou. O grupo extremista conquistou Deir Ezzor e sua província rica em petróleo em 2014, aproveitando o caos gerado pela guerra na Síria, desencadeada em 2011 pela repressão do regime aos protestos pró-democracia.
Um jornalista que colaborou com a AFP constatou na quinta-feira a extensão dos danos nos bairros de Deir Ezzor recentemente recuperados: edifícios desabaram, as fachadas explodiram. As trincheiras escavadas pelos jihadistas ainda são visíveis. Nesta sexta, as unidades de Engenharia do exército sírio atuavam para neutralizar as minas e outros artefatos explosivos espalhados pelo EI na cidade, de acordo com a imprensa estatal.
Nos últimos meses, o EI sofreu uma série de derrotas na Síria e no Iraque vizinho. No decorrer das batalhas, os extremistas foram expulsos de todas as grandes cidades que conquistaram: pelas forças iraquianas em Mossul (norte do Iraque) em julho e por uma coalizão curda-árabe apoiada por Washington em Raqa, na Síria, em outubro.
O grupo que proclamou em 2014 um "califado" nas vastas regiões sob se controle entre o Iraque e a Síria, tem visto seu território encolher rapidamente. Os jihadistas estão agora restritos a uma área desértica na fronteira entre o leste da Síria e o oeste do Iraque, ao longo do Vale do Eufrates.
Atacado por todos os lados
Eles são atacados pelo regime e a aliança árabe-curda no leste da Síria e pelas forças iraquianas no oeste do Iraque.
Na Síria, o grupo detém apenas 35% da província de Deir Ezzor e se entrincheirou em uma cidade menor, Bukamal, na fronteira iraquiana. As forças do regime sírio estão agora a 40 km desta cidade. O EI também controla algumas aldeias e localidades e pelo menos um campo de petróleo na Síria, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
No Iraque, as forças iraquianas anunciaram nesta sexta que entraram em Al Qaim, uma grande cidade do deserto, no coração da última fortaleza do EI no país. No início da manhã, a artilharia e a aviação iraquianas, bem como os aviões da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, bombardearam posições jihadistas em Al Qaim, a cerca de dez quilômetros da Síria.
Em seguida, unidades do exército e do serviço de contraterrorismo "iniciaram a ofensiva no centro de Al Qaim", segundo o general Nomane al-Zobai, comandante da 7; Divisão da Exército iraquiano, presente no local. As forças iraquianas assumiram o controle de várias áreas em Al Qaim e "continuam a avançar", disse o general Abdelamir Yarallah, chefe do comando conjunto das operações (JOC), que coordena as forças do país.
As unidades paramilitares Hashd al-Shaabi afirmaram que os jihadistas "incendiaram as casas de civis" em um dos bairros "para tirar a visibilidade dos aviões". Além disso, "muitos jihadistas estão fugindo para Bukamal com suas famílias".
De acordo com a coalizão internacional, cerca de 1.500 combatentes do EI ainda estão presentes nesta área do deserto entre o Iraque e a Síria, que deve ser o cenário da "última grande batalha" contra o grupo responsável por ataques mortais nesses países e no resto do mundo.