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Puigdemont pede frente unida independentista nas eleições da Catalunha

A justiça espanhola emitiu na sexta-feira uma ordem europeia de busca e captura contra Puigdemont como suspeito de rebelião

Agência France-Presse
postado em 04/11/2017 15:38
O presidente catalão destituído Carles Puigdemont pediu neste sábado que os partidos independentistas formem uma lista única para as eleições regionais de 21 de dezembro, uma ideia que encontra resistência de antigos aliados.

"É o momento de que todos os democratas se unam. Pela Catalunha, pela liberdade dos presos políticos e da República", escreveu Puigdemont no Twitter, um dia depois de mudar de opinião e afirmar que estava disposto a ser candidato nas eleições.

A justiça espanhola emitiu na sexta-feira uma ordem europeia de busca e captura contra Puigdemont como suspeito de rebelião, sedição e desvio de fundos no processo que levou à proclamação de independência de 27 de outubro.

Oito integrantes do governo regional catalão destituído estão em prisão provisória pelas mesmas acusações.

A eventual detenção e o processo de extradição podem demorar até três meses, o que faria com que Puigdemont vivesse toda a campanha eleitoral na Bélgica, onde se encontra.

A mensagem do catalão termina com um link para um manifesto que pede a lista única e já foi assinado por mais de 4.000 pessoas. O texto afirma que as eleições representam uma "oportunidade para derrotar o unionismo".

Puigdemont, procurado pela justiça espanhola e que se apresenta na Bélgica como o presidente catalão legítimo no exílio, pertence ao PDeCAT (Partido Democrático Europeu da Catalunha), que governou a Catalunha sob o nome CiU (Convergência e União) durante grande parte da era democrática moderna, mas que aparece nas pesquisas como o quarto ou quinto partido para as eleições de 21 de dezembro.

A presença de Puigdemont na Bélgica provoca tanta divisão na Catalunha como a questão da independência.

O PDeCAT integrou com a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) a coalizão independentista ;Junts pel Sí; (Unidos pelo Sim), que governou a Catalunha de 2015 até a destituição do governo em 27 de outubro.

A ERC é a favorita nas pesquisas para vencer as eleições e seu líder, Oriol Junqueras, vice-presidente catalão destituído e em prisão provisória, pediu na sexta-feira em um artigo que os partidos independentistas concorram de modo separado.

"Que cada partido se esforce para obter o melhor resultado possível e que a unidade de ação e uma estratégia compartilhada seja aquilo que nos une, com respeito a todas as sensibilidades", escreveu Junqueras no jornal catalão Ara.

Neste sábado, Marta Rovira, número dois da ERC, evitou responder a oferta de Puigdemont em um discurso em Barcelona. "Temos a obrigação de vencê-las, e assim o faremos", disse.

Fontes do partido afirmaram à AFP que a ERC não está disposta a reeditar coalizão ;Junts pel Sí;, mas que existe consenso para uma lista mais ampla que englobe outros movimentos.

Mas a possibilidade de formar tal aliança esbarra na questão do calendário, porque o limite para registrar coalizões é o dia 7 de novembro, a próxima terça-feira, e não há indícios de que as negociações começaram.

Os partidos independentistas aceitaram participar nas eleições regionais, apesar da convocação ter sido feita pelo governo central do primeiro-ministro Mariano Rajoy para "restaurar a ordem constitucional", após a proclamação da independência catalã em 27 de outubro, que não chegou a ser concretizada com uma ruptura com a Espanha

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