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Sanções financeiras dos EUA aceleram eventual moratória da Venezuela

"As sanções financeiras implementadas em agosto são mais significativas porque interrompem todo novo investimento direto no país", disse Shannon O'Neill, do Conselho de Relações Exteriores

Neste cenário, "os riscos de um evento caótico de crédito são significativos a qualquer momento", acrescentou.

Já Glossop apontou que esse resultado poderia acontecer "até o fim deste semana", a menos que a estatal petroleira PDVSA e o governo "cubram pagamentos não efetuados recentemente que somam 500 milhões de dólares".

Até agora, o governo venezuelano operou para evitar a interrupção de pagamentos ao priorizar o pagamento de vencimentos imediatos, deixando de lado as importações de alimentos e remédios.

Neste cenário, a restruturação da dívida anunciada nesta sexta-feira pelo governo poderia ser comprometida, apontam os economistas.

O presidente Maduro deixou à frente desta delicada tarefa de renegociação seu vice-presidente, Tarek el Aissami, que também está em uma lista de sancionados pelo governo dos Estados Unidos acusado de corrupção e relação com o narcotráfico.

Para o professor Robert Kahn, da Universidade Americana, em Washington, a única saída para essa crise é uma mudança de governo.

"É preciso uma mudança de liderança", disse. "É preciso nomear pessoas que não sejam alvo de sanções, que estejam dispostas a reduzir a pressão sobre a população e reformar a economia", acrescentou o acadêmico.

Sem as mudanças, alertou, Maduro terá dificuldade de convencer os credores, já que as sanções de Washington proíbem cidadãos ou bancos americanos de adquirir novos títulos venezuelanos ou da estatal PDVSA.

Nesta segunda-feira, a agência de classificação financeira Moody;s rebaixou a nota de crédito da PDVSA de ;Caa3; - risco de crédito - para ;Ca; - operações de dívida altamente especulativas com sinais de possível default.

A decisão reflete o não pagamento de títulos de 2 de novembro e a "expectativa" da agência de que a companhia de petróleo fique inadimplente em outras dívidas "no curto prazo".

E mesmo que Rússia e China, seus dois principais credores, lancem um colete salva-vidas para a Venezuela, os mercados devem rejeitar os títulos não emitidos em dólares, autorizados pela Assembleia Constituinte, dizem os analistas.