Na zona mais rural e modesta dos Estados Unidos, os partidários de Donald Trump, que há um ano votaram nele para presidente, continuam elogiando sua forma de fazer política e suas promessas de liberdade.
[SAIBAMAIS]Embora os dados de aprovação de Trump em nível nacional estejam em mínimos históricos, a base republicana considera que o bilionário empresário entende seus problemas, ao invés de ignorá-los.
"Cruzo todos os dias o rio com meu gado, meu caminhão e não tenho medo de ser vigiado pelo governo", afirma Dan Eoff, um fazendeiro de 68 anos, com bigode branco e chapéu de caubói, que vive na pequena cidade de Clinton, no estado do Arkansas.
No passado, ele teve problemas com a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) por conta de um rio que atravessa o seu terreno, mas Trump eliminou leis sobre o tema pouco depois de assumir o cargo.
"As pessoas que escolheu para o seu governo sabem o que fazem, entendem a nossa forma de vida", afirma Eoff.
Mike Fox, outro morador que também cria gado, concorda: "Precisávamos de uma mudança".
Em 8 de novembro de 2016, Trump obteve 61% dos votos no Arkansas e 73% no condado de Clinton.
Fox estava em um leilão de gado observando cerca de 500 vitelas, bezerros e vacas. "Fez coisas boas em nosso negócio. A economia está melhorando e as pessoas comem mais carne", afirma Fox.
O pulso do campo
Junto com Mississippi e Virgínia ocidental, o Arkansas faz parte dos estados mais pobres do país.
Clinton é uma pequena cidade situada ao lado de uma longa estrada rodeada por florestas, onde o hospital e as escolas empregam grande parte de seus 2.600 habitantes.
No fim dos anos 2000 fecharam duas grandes fábricas, e em 2008 um tornado arrasou uma indústria onde se fabricavam botes. A exploração de gás foi durante um tempo um alívio econômico, mas já terminou.
Em uma tentativa de atrair novos investimentos, o prefeito Richard McCormac impulsionou a renovação do sistema de saneamento de águas residuais.
Ele votou convencido por Trump. "São os empreendedores e as pequenas empresas que fazem a economia avançar".
"Soube adotar o pulso do campo", assinala Peggy Eoff, que a cada ano organiza com seu marido, Dan Eoff, a festa mais popular de Clinton, a corrida de carroças.
"As pessoas que têm que ir trabalhar todos os dias estão cansadas do que acontece em Washington, dos políticos que acreditam que somos cidadãos menores que não sabem de nada. Nos subestimam", lança.
A retórica de Trump, direta e muitas vezes com insultos, para muitos é um sinal de franqueza. Seu fracasso ao tentar reformar a lei de cobertura de saúde é culpa do Congresso, de acordo com tantos outros.
Peggy Eoff nunca cogitou votar em Hillary Clinton, apesar da ex-candidata democrata à Presidência ter sido durante anos a primeira-dama do Arkansas, quando seu marido, Bill Clinton, foi governador. Mas deixou a lembrança de ser uma pessoa fria e distante das preocupações do mundo rural.
Mais empregos
Mas Trump também tem críticos.
"Ele não se importa com o americano médio, só se preocupa com o dinheiro e as pessoas importantes", destaca Brad Mohr, um veterano de guerra que foi a um show em homenagem aos antigos combatentes.
O presidente disse que apoia os militares, "mas realmente necessitamos que coloque dinheiro do outro lado, como a saúde da classe média, os empregos", explica.
Ashton Pruitt, que gere com seu esposo um leilão de gado, apoiou Hillary em 2016.
Esta mãe de 29 anos apresenta toda manhã um programa de música country na rádio local KVOM, antes de abrir sua loja de roupa.
Sua vida não mudou desde as presidenciais, insiste. "Trabalho tanto como sempre porque quero dar aos meus filhos o melhor, sem importar quem é o presidente".