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Presidente filipino diz que matou uma pessoa a punhaladas aos 16 anos

Duterte, de 72 anos, foi eleito em 2016 após prometer que erradicaria o narcotráfico no país, eliminando 100 mil supostos traficantes e usuários de drogas

Agência France-Presse
postado em 10/11/2017 08:33
Duterte, de 72 anos, foi eleito em 2016 após prometer que erradicaria o narcotráfico no país, eliminando 100 mil supostos traficantes e usuários de drogas

O presidente filipino, Rodrigo Duterte, afirmou ter matado uma pessoa a facadas quando era adolescente, em um discurso incendiário para defender sua guerra contra a droga, à margem de uma cúpula internacional celebrada no Vietnã. Nessas declarações para a comunidade filipina da cidade vietnamita de Danang na quinta-feira, Duterte também ameaçou "esbofetear" Agn;s Callamard, enviada especial da ONU sobre as execuções sumárias ou arbitrárias. Além disso, chamou de "filhos da puta" os que criticam sua campanha de repressão contra o tráfico de drogas.

"Quando eu era adolescente, entrava e saía da prisão, por brigas", afirmou o mandatário filipino, em um discurso em Danang, onde participa da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, onde também estão presentes os presidentes americano Donald Trump e chinês Xi Jinping.

"Com 16 anos, matei alguém. Uma pessoa de verdade, em uma briga, a punhaladas. Eu tinha apenas 16 anos. Foi por causa de um simples olhar. Quanto mais agora que sou presidente?". Duterte, de 72 anos, foi eleito em 2016 após prometer que erradicaria o narcotráfico no país, eliminando 100.000 supostos traficantes e usuários de drogas.


[SAIBAMAIS]Desde a sua chegada ao poder, há 16 meses, a polícia anunciou ter matado 3.967 personas. Outras 2.290 pessoas morreram em casos vinculados a drogas. Outras milhares de pessoas perderam a vida em circunstâncias não esclarecidas, segundo os dados da polícia. O presidente continua muito popular no arquipélago, onde muitos filipinos estimam que a segurança melhorou.

Hipérboles


Mas seus opositores, nas Filipinas ou no exterior, acusam-no de orquestrar execuções extrajudiciais em massa, cometidos por policiais corruptos e milicianos. Duterte nega incitar os policiais ao assassinato, mas regularmente faz declarações públicas nesse sentido. Em 2016, afirmou que "ficaria feliz em matar três milhões de dependentes químicos". Na época, chamou o então presidente americano Barack Obama de "filho da puta" por tê-lo criticado por sua repressão.

Em dezembro, declarou que havia matado pessoalmente alguns suspeitos para dar o exemplo à polícia quando foi prefeito de Davao, cidade do sul das Filipinas. Na ocasião, seu porta-voz tentou esclarecer suas palavras, indicado que esses assassinatos foram cometidos durante uma "operação legítima da polícia".

A revista Esquire já havia publicado uma entrevista com Duterte, quando ainda não era presidente, em que ele indicava a possibilidade de "talvez" ter matado alguém a facadas quando tinha 17 anos. Durante sua campanha eleitoral, o presidente contou que foi expulso da faculdade depois de ter atirado contra um estudante que o havia insultado. A vítima sobreviveu, segundo a imprensa. Frequentemente, Duerte pede aos jornalistas que não levem tudo ao pé d aletra, ressaltando que gosta de empregar "hipérboles".

Silêncio tácito


Seu novo porta-voz, Harry Roque, explicou que suas novas declarações poderiam ser exageradas. "Acredito que foi uma brincadeira. O presidente sempre usa uma linguagem colorida quando está com Pinoys (filipinos) no exterior", afirmou à AFP. Sobre Callamard, que criticou várias vezes a política de combate às drogas no país, o presidente filipino declarou: "Vou lhe dar uma bofetada na frente de todos. Porque você me insulta".

No início da próxima semana, Duterte acolherá uma cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático, na presença, entre outros, do presidente americano Donald Trump. Em abril, Trump elogiou a política antidrogas de seu colega filipino, evocando um "trabalho incrível". Os defensores dos direitos Humanos estimam ser pouco provável que o assunto da repressão às drogas seja abordado na Asean este ano.

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