Agência France-Presse
postado em 10/11/2017 19:41
Os Estados Unidos esperam que uma reunião convocada para a segunda-feira (12/11) sobre a Venezuela abra o caminho para impedir que a crise se torne uma ameaça à segurança, segundo um relatório documentado americano, enviado nesta sexta-feira ao Conselho de Segurança.A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, presidirá a reunião informal do Conselho na próxima segunda-feira, que discutirá a crise na Venezuela, que em sua opinião pode piorar ainda mais com a declaração de uma eventual moratória de sua dívida.
"A comunidade internacional precisa trabalhar junta para enfrentar a crise que está se desenvolvendo e seu impacto humanitário na Venezuela, antes de que piore e potencialmente se torne uma ameaça à paz internacional e à segurança", declarou a missão americana em um documento obtido pela AFP.
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A Venezuela atravessa uma severa crise após protestos contra o governo de Nicolás Maduro, que em abril deixaram mais de cem mortos. A partir da queda nos preços do petróleo, fonte de 96% das divisas do país, o governo cortou drasticamente as importações para evitar o default, provocando uma severa escassez de alimentos e medicamentos.
[SAIBAMAIS]No entanto, a Venezuela está à beira de uma moratória pelo pagamento atrasado de um bônus da petroleira PDVSA e busca "reestruturar e refinanciar" sua dívida de 150 bilhões de dólares. Nos últimos seis meses, mais de meio milhão de venezuelanos se refugiaram na Colômbia e em países da região, segundo o documento americano.
"Os vizinhos da Venezuela carecem de recursos e capacidade para absorver este fluxo de gente deslocada, que expõe os mais vulneráveis ao tráfico de pessoas e à exploração sexual", avaliam os Estados Unidos. "A economia continua caindo e a situação provavelmente só vai piorar, especialmente com o país em risco de cair em default de sua dívida", alertou.
Os integrantes do Conselho escutarão vários oradores, entre eles o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) Luis Almagro, um duro crítico do governo de Nicolás Maduro.
Os outros convidados são Zeid Ra;ad al Hussein, comissário da ONU para os direitos humanos, o advogado Julio Henríquez, coordenador da ONG Fórum Penal, assim como Joseph Donnelly, da organização católica Caritas International.
Os Estados Unidos queriam convidar o Grupo de Lima para a reunião, integrado por 12 países latino-americanos e o Canadá, que têm urgido ao chefe da ONU e ao sistema das Nações Unidas a atender a crise venezuelana. Mas este finalmente decidiu que seria "contraproducente" participar, disse um diplomata americano, que pediu para ter sua identidade preservada.
Haley pediu ao Conselho que se concentre na Venezuela, após uma reunião a portas fechadas sobre a crise, em maio passado. Até agora, o Conselho sustenta que as organizações regionais são as mais indicadas para tentar resolver o tema.