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Trump exibe em Manila sua cumplicidade com presidente filipino

Esta é a última etapa da longa viagem do presidente americano, que incluiu cinco países da Ásia

Agência France-Presse
postado em 13/11/2017 09:05
Esta é a última etapa da longa viagem do presidente americano, que incluiu cinco países da Ásia

Manila, Filipinas -
Donald Trump exibiu nesta segunda-feira (13/11), em Manila, sua boa sintonia com Rodrigo Duterte, o polêmico presidente filipino que trava em seu país uma sangrenta guerra contra o tráfico de drogas e garante ter matado um homem a facadas, quando era adolescente.

Esta é a última etapa da longa viagem do presidente americano, que incluiu cinco países da Ásia. Sentados lado a lado, Trump, de 71, e Duterte, de 72, apareceram muito descontraídos, brincando no início de sua primeira reunião. "Somos aliados" dos Estados Unidos, "somos um importante aliado", afirmou Duterte.

A dupla deu poucas declarações à imprensa, ignorando, em particular, os temas sobre direitos humanos. No plano internacional, a "guerra contra as drogas" tem causado uma onda de críticas ao filipino. "Temos muito boas relações", ressaltou Trump, nesse encontro realizado em paralelo à cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

[SAIBAMAIS]Depois, falou do tempo: "Nas Filipinas, o tempo sempre acaba sendo bom...". Em contrapartida, Trump não respondeu ao ser questionado sobre o tema dos direitos humanos.

"Não é uma entrevista coletiva, é uma reunião bilateral", interveio Duterte, sentado ao seu lado, sem gravata, antes de os jornalistas deixarem o recinto. O assunto dos direitos humanos "não foi tratado" durante a conversa de 40 minutos entre Trump e Duterte, segundo o porta-voz do presidente filipino, Harry Roque.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse que o assunto foi abordado "brevemente". "Rodrigo, quero lhe agradecer por sua extraordinária hospitalidade", elogiou Trump, um pouco mais tarde, em uma mesa-redonda, exibindo a afinidade de interesses entre os dois.

As relações entre Manila e Washington - países aliados unidos por um acordo de defesa - sofreram idas e vindas, após a chegada do populista filipino ao poder, em 2016. Há um ano, durante uma cúpula em Laos, o ex-presidente Barack Obama cancelou um encontro com Duterte, após ter sido chamado por ele de "filho da puta".

Adepto da ;hipérbole;
Com alta popularidade no país, Duterte defende seu estilo franco e, em uma reunião com a comunidade filipina, contou que, aos 16 anos, matou uma pessoa a facadas em uma "briga".

A equipe de Duterte pede à imprensa com frequência que não leve ao pé da letra o que o presidente diz, garantindo que ele gosta de fazer brincadeiras e é adepto da "hipérbole". Seu novo porta-voz, Harry Roque, disse que essas últimas declarações podem ter sido exageradas.

Tanto para o caso das Filipinas quanto para outros países acusados de violarem os direitos humanos, o governo Trump garante que não permanece inativo, mas que prefere a discrição a fazer denúncias públicas.

Duterte foi eleito em 2016, prometendo erradicar o tráfico de drogas. Desde então, a Polícia anunciou ter matado 3.967 pessoas, enquanto milícias teriam executado outros 2.290 suspeitos em casos de drogas. Milhares de outras pessoas foram abatidas em circunstâncias não esclarecidas, ainda segundo números da Polícia.

;Trump go home;
Nestas segunda e terça-feiras, as Filipinas organizam uma cúpula da Asean. A crescente ameaça do grupo Estado Islâmico no Sudeste Asiático e os esforços para pressionar ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, para que abandone suas ambições nucleares devem concentrar a agenda dessa cúpula em Manila.

"O terrorismo e o extremismo põem em perigo a paz, a estabilidade e a segurança da nossa região, pois essas ameaças não conhecem fronteiras", alegou Duterte hoje, em seu discurso de abertura da cúpula. A chegada de Trump às Filipinas foi acolhida por cerca de dois mil manifestantes hostis, segundo a Polícia, que levavam cartazes com os dizeres "Trump go home".

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