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Opositor Salvador Nasralla lidera apuração dos votos em Honduras

O primeiro boletim do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), divulgado 10 horas após o fim da votação e com 57% das urnas apuradas, mostra Nasralla com 45,17% dos votos, contra 40,21% de Hernández


"O dado do tribunal não é conclusivo porque registra apenas os resultados das principais cidades do país, isto representa apenas 20% dos votos. Os 80% restantes nos favorecem e temos que ser cuidadosos, pacientes e levar o processo até o fim", disse Hernández, de 49 anos.

O esquerdista Nasralla, no entanto, insistiu na vantagem sobre Hernández. "Como a tendência não muda, posso dizer a vocês que sou o novo presidente de Honduras", afirmou eufórico Nasralla, ao lado do ex-presidente Manuel Zelaya, destituído em 2009 e coordenador da coalizão opositora.

A tensão pela longa espera e após as respectivas declarações aconteceram após um dia de votação relativamente tranquilo, no qual seis milhões de hondurenhos deveriam escolher suas autoridades para os próximos quatro anos.

Nasralla, um jornalista de 64 amos, convocou a população a um evento na capital do país nesta segunda-feira para comemorar sua vitória. Antes, o candidato havia solicitado uma mobilização contra uma possível fraude. Ao todo, nove candidatos disputaram a presidência, mas segundo as pesquisas só três tinham chances de vitória.

Além de Hernández e Nasralla, o outro candidato de peso era o acadêmico Luis Zelaya do Partido Liberal (PL, direita), que aparece com 13,77% dos votos no primeiro boletim do TSE. Nasralla e Zelaya alertaram que não reconheceriam uma reeleição de Hernández, por considerá-la inconstitucional.

Os hondurenhos também votaram para escolher 128 deputados, 298 autoridades municipais e 20 representantes do Parlamento Centro-Americano. O historiador e sociólogo Marvin Barahona, da Equipe de Reflexão, Pesquisa e Comunicação (ERIC), alertou que a possível reeleição de Hernández poderia despertar um clima de confronto no país.

"A candidatura de Juan Orlando Hernández não é apenas controversa, tem uma alta dose de ilegalidade, o que significa que os resultados podem provocar para mais confrontos, especialmente se eles beneficiarem o partido no poder, porque serão classificados por diversos setores como fraudulentos", opinou Barahona.

Mas para o Conselho de Especialistas Eleitorais na América Latina (CEELA) descartou uma fraude e elogiou a grande participação na eleição hondurenha.