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Papa Francisco celebra missa para multidão em Mianmar

Para assistir à missa, alguns foram obrigados inclusive a dormir nos cemitérios das igrejas


O Papa saudou a multidão, em sua maioria sentada tranquilamente no chão, de um "papamóvel" antes de oficiar a missa, que marcou o terceiro dia de visita ao país. A multidão celebrou sua chegada agitando bandeiras de Mianmar. "Venho como peregrino para escutar e aprender com vocês. E para oferecer algumas palavras de esperança e consolo", disse o pontífice no início da homilia.

Francisco também fez um apelo ao perdão, inclusive no caso de Mianmar, um país que tem vários conflitos internos, onde "muitos têm feridas da violência, feridas visíveis e invisíveis". Durante a quarta-feira, o papa se reunirá com líderes religiosos budistas em um dos templos mais venerados do país.

Até o momento, a viagem havia registrado um tom mais político. Na terça-feira, Francisco pediu "respeito a todos os grupos étnicos", mas evitou pronunciar a palavra "rohingya" e não fez menção direta ao êxodo dessa minoria muçulmana vítima de perseguições para Bangladesh.

Em um discurso pronunciado diante das autoridades civis do país na capital, Naypyidaw, o Papa também defendeu um "compromisso pela justiça e respeito aos direitos humanos". Francisco também se encontrou com a líder birmanesa e vencedora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, mas não citou diretamente a crise dos rohingyas, que chamou a atenção mundial nos últimos meses.

Desde o final de agosto, mais de 620.000 rohingyas chegaram a Bangladesh, fugindo dos abusos, assassinatos e torturas cometidos pelo Exército birmanês e por milícias budistas. A ONU considera a situação um caso de tentativa de "limpeza étnica".