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Governo de Maduro e oposição venezuelana abrem negociações

As negociações buscam saídas para a grave crise venezuelana, e durará até sábado (2/12)



"Não é um diálogo, mas uma negociação. Temos a esperança de que possamos tirar algo importante", comentou na quinta-feira.

As partes voltam à mesa após aproximações frustradas entre 2014 e 2017 por acusações mútuas de descumprimentos.

Para o presidente do instituto de pesquisa Datanálisis, Luis Vicente León, o ceticismo "é natural". Ele disse ainda acreditar que a avassaladora inflação e a escassez de alimentos e remédios possam forçar as partes a fechar acordos. Dessa vez, "os dinamizadores da negociação são econômicos", disse à AFP.

Como principais demandas, a MUD apresenta a abertura de "um canal humanitário" para a entrada de alimentos e remédios na Venezuela, assim como "condições justas" nas eleições presidenciais de 2018.

Maduro, que tentará se reeleger segundo anúncio de seu vice-presidente Tareck El-Aissami, exige de seus adversários que advoguem o fim das sanções. Essas medidas proíbem que funcionários e entidades americanos negociem a nova dívida da Venezuela e de sua petroleira Pdvsa.

Nesta sexta-feira (1/12), Rodríguez chamou as sanções de "bloqueio econômico". Além de México e Chile - convidados pela MUD -, Bolívia, Nicarágua e São Vicente e Granadinas - aliados de Maduro -, as negociações contam com o acompanhamento do ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.

México, Chile e Nicarágua enviaram seus chanceleres, e Bolívia e São Vicente, seus ministros de Governo e Finanças.

A MUD vai para o encontro fissurada. Deputados opositores se enfrentaram na terça passada entre gritos de "traição", quando o Parlamento aprovou um relatório em apoio às aproximações.

Borges, presidente da Câmara, defende a decisão de ir à República Dominicana: "sabemos o que estamos enfrentando. Não somos ingênuos", mas "é um dever" tentar que "se abra a cooperação internacional com remédios e comida".

A delegação opositora é apoiada por uma dúzia de assessores, entre os quais figuram empresários, sindicalistas e ativistas dos direitos humanos. O governo, que parecia estar mais coeso depois de superar a mais recente onda de protestos, tampouco está longe de rachas.