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Time escolhe campanha contra abusos sexuais como Personalidade do Ano

O presidente americano Donald Trump ficou em segundo lugar na classificação, seguido de seu colega chinês, Xi Jinping

Agência France-Presse
postado em 06/12/2017 11:05
Símbolos da campanha: Ashley Judd (atriz), Taylor Swift (cantora), Isabel Pascual (lavradora), Adama Iwu (lobista) e Susan Fowler (ex-motorista do Uber)
Nova York, Estados Unidos - A revista Time escolheu nesta quarta-feira os "Silence Breakers", as pessoas que romperam o silêncio sobre as agressões sexuais ocorridas em vários setores da sociedade nos Estados Unidos, como "Personalidade do Ano".

A revista traz em sua capa cinco mulheres que representam a campanha: a atriz Ashley Dudd, a cantora Taylor Swift, a lavadora Isabel Pascual (pseudônimo), a lobista Adama Iwu e a ex-funcionária do Uber Susan Fowler.

"As ações encorajadoras das mulheres em nossa capa, assim como de centenas de outras, e também de homens, desencadeou uma das mudanças mais rápidas em nossa cultura desde a década de 1960", explicou o editor-chefe da Time, Edward Felsenthal, ao anunciar as vencedoras.

"As redes sociais agiram como um acelerador poderoso: a hashtag #MeToo já foi usada milhões de vezes em pelo menos 85 países. Virou uma hashtag, um movimento, um acerto de contas. Mas começou, como quase todas as grandes mudanças sociais, com atos individuais de coragem", diz a Time ao justificar a escolha.

"Por darem voz a segredos, por vencerem a rede de fofocas e chegarem às redes sociais, por forçarem todos nós a parar de aceitar o inaceitável, aquelas que romperam o silêncio são as personalidades do ano", acrescentou, citado num editorial da revista.

"As raízes deste prêmio - identificar a ou as pessoas que mais influenciaram os eventos do ano - são baseadas na teoria histórica do ;grande homem;, uma expressão que nunca pareceu tão anacrônica", estimou.

Este prêmio da revista reflete a magnitude do movimento que balançou os Estados Unidos e ressoou em todo o mundo, com #Balancetonporc ou #YoTambien, desde as primeiras acusações publicadas pelo New York Times e New Yorker contra o todo-poderoso produtor de cinema Harvey Weinstein no início de outubro.

Desde então, quase todos os dias uma personalidade é acusada de assédio ou abuso sexual. Muitos foram demitidos ou suspensos.

Os homens poderosos do entretenimento, meios de comunicação, cultura e política são os mais visados, mas as vítimas são de todos os setores, ressalta a Time.

Trump segundo

Muitas foram as estrelas que caíram nas últimas semanas. Entre os nomes mais conhecidos estão, além de Weinstein, o ator Kevin Spacey, os jornalistas Charlie Rose ou Matt Lauer, o maestro James Levine, o fotógrafo de moda Terry Richardson, o senador democrata Al Franken ou o decâno da Câmara dos Deputados americana, o democrata John Conyers, de 88 anos, que renunciou na terça-feira.

O político ultra-conservador Roy Moore, candidato republicano ao Senado pelo estado do Alabama na próxima terça-feira, acusado por várias mulheres de assédio nas décadas de 1970 e 1980, recebeu o apoio do presidente Donald Trump. O caso divide os republicanos.

Após as atrizes Ashley Judd, Rose McGowan e Angelina Jolie no início de outubro, mais de 100 mulheres acusaram Harvey Weinstein, de 65 anos, de abuso sexual, que vão desde assédio até estupro.

Várias delas revelaram acordos entre advogados para que os crimes não vazassem.

Weinstein nega as acusações por meio de seus advogados e atualmente não enfrenta qualquer acusação, apesar de investigações criminais terem sido abertas em Nova York, Los Angeles e Londres.

O anúncio deste prêmio coincide com a publicação pelo New York Times de uma grande investigação sobre as múltiplas cumplicidades que permitiram o produtor se manter por tantos anos.

Donald Trump havia sido escolhido personalidade do ano em 2016, logo após sua surpreendente vitória à presidência americana.

Este ano ficou em segundo lugar por ter "mudado a natureza da presidência americana", segundo Felsenthal.

O presidente chinês Xi Jinping chegou em terceiro.

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