Agência France-Presse
postado em 08/12/2017 22:30
Os Estados Unidos ficaram isolados na ONU, nesta sexta-feira (8), onde os demais membros do Conselho de Segurança se revezaram para criticar a decisão de Washington de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Na reunião de urgência solicitada por oito dos 15 países-membros do Conselho, a ONU advertiu para o risco de uma espiral de violência, após a determinação do presidente Donald Trump.
Apesar dessa medida que vai no sentido contrário a mais de duas décadas de diplomacia americana no Oriente Médio, Washington reafirmou seu compromisso com alcançar a paz entre israelenses e palestinos. Com menor, ou maior, força, os delegados de todos os países criticaram a decisão.
[SAIBAMAIS]O Conselho de Segurança não tem, porém, os meios para frear o anúncio da transferência da embaixada americana de Tel Aviv a Jerusalém. Membro permanente do órgão, os Estados Unidos têm direito de veto sobre qualquer resolução, ou declaração, do Conselho.
"De 6 a 8 de dezembro" foram anunciados "três dias de ira", advertiu o coordenador especial da ONU para a paz no Oriente Médio, Nikolai Mladenov, que também manifestou seu temor de que a decisão americana estimule "um radicalismo religioso". Apenas uma "negociação entre as duas partes" pode decidir o futuro de Jerusalém, insistiu o responsável da ONU, convocando os líderes mundiais a "apelarem para a sabedoria" para manter a calma na região.
Trump e seu governo "continuam comprometidos com o processo de paz" no Oriente Médio, declarou a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, que rejeitou "os sermões e as lições" e reivindicou seu país como o único mediador possível no conflito. "Compreendo que as mudanças são difíceis", mas "nossas ações buscam fazer avançar a causa da paz", disse.
Os Estados Unidos não tomaram "posições sobre os limites, ou as fronteiras" em disputa e o "status quo se mantém para os lugares santos", assegurou a diplomata. A reunião de urgência foi solicitada por Suécia, França, Itália, Reino Unido, Bolívia, Uruguai, Egito e Senegal.
Alguns desses países - especificamente Suécia, Bolívia e Egito - consideram que a decisão americana viola as resoluções da ONU. Trata-se de uma "violação da legitimidade internacional", destacou o embaixador egípcio, Amr Aboulatta.
Seu colega sueco, Olof Skoog, lembrou a resolução 2334, de 23 de dezembro de 2016, que destaca que o Conselho de Segurança "não reconhecerá nenhuma modificação das fronteiras (estabelecidas) em 4 de junho de 1967" e entende que "tudo que diz respeito a Jerusalém deve ser acertado pelas partes mediante negociações".
Essa resolução foi aprovada por 14 dos 15 membros, enquanto os Estados Unidos, então no governo Barack Obama, optou por se abster, permitindo assim sua adoção. "O momento chegou para avançar para um acordo de paz detalhado", reclamou o diplomata sueco. O embaixador francês, François Delattre, destacou que, "sem acordo sobre Jerusalém, não haverá acordo de paz".
"A importância histórica e religiosa de Jerusalém é, de fato, uma das chaves da resolução do conflito entre israelenses e palestinos", completou. Depois da reunião, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Suécia disseram que a decisão de Trump destoa das resoluções da ONU. Já o embaixador palestino, Riyad Mansour, que tem status de observador na ONU, denunciou que essa foi "uma decisão irresponsável".